Para o regime venezuelano, o fluxo de cidadãos que estão deixando o país é “normal”.
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (3) que 600 mil venezuelanos saíram do país nos últimos dois anos, contestando os números divulgados pela agência de migração da Organização das Nações Unidas (ONU), que afirma que 1,6 milhão de cidadãos deixou a Venezuela desde 2015.
“Claro que um grupo de venezuelanos, devido aos distúrbios, violência, agressão e bloqueio financeiro dos Estados Unidos, tentaram a sorte no exterior, mas 90% deles estão arrependidos”, disse o ditador, alegando que as cifras que apresentou são “comprováveis, certificadas e justas”.
Pouco antes, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, tinha afirmado que a migração está sendo usada como uma justificativa para a intervenção estrangeira no país.
“Houve intenção de converter um fluxo migratório normal em uma crise humanitária para justificar uma intervenção internacional na Venezuela", disse em entrevista coletiva nesta segunda-feira (3).
Porém, organizações internacionais de direitos humanos têm uma opinião bem diferente. De acordo com a agência da ONU para migração, o êxodo de migrantes da Venezuela está se aproximando de um “momento de crise”, comparável à fuga de refugiados pelo Mediterrâneo. Grupos de ajuda humanitária estimam que entre 1,6 milhão e 2 milhões de venezuelanos deixarão o país neste ano e que em quatro anos, 1 em cada 10 sairão do país.
O aumento de pedidos de asilo também é um forte indício de que a migração já superou os níveis “normais”. O número de venezuelanos que solicitaram refúgio no Brasil e outros países da região em 2018 é 5,5 vezes maior do que o de sírios em busca de asilo na Europa.
Imagens registradas por fotógrafos em diferentes países da América do Sul ajudam a contar a história de uma das piores crises migratórias da América Latina das últimas décadas que se vem se intensificando nos últimos dois anos.
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