O frio de 10 graus negativos da madrugada de ontem não foi impedimento para 1,8 milhão de pessoas (um recorde, de acordo com a polícia local) que se aglomeraram em frente à esplanada do Capitólio de Washington para garantir um lugar durante o discurso de posse de Barack Obama. O clima era de comemoração. O metrô da cidade registrou longas filas, mesmo com trens; às 4h30 (7h30 no horário de Brasília), recebiam tantas pessoas quanto no horário de rush.
Para garantir que o público conseguisse acompanhar de perto o juramento, várias televisões de plasma foram instaladas ao redor da esplanada. Desde o amanhecer, as principais ruas da capital, cafés e supermercados ficaram lotados com norte-americanos e estrangeiros.
Durante a cerimônia, a partir da 14h30 (horário de Brasília), a cidade ficou deserta. "Todos os jovens do meu trabalho foram", conta a paulista Cristina Schneider, que mora há 15 anos nos EUA e trabalha como veterinária para a Organização Mundial da Saúde na capital norte-americana.
A opção dela foi assistir à posse pela tevê e tirar uma foto do momento junto com o marido. Esse foi um pedido da equipe de Obama: que cada um enviasse uma foto de onde estava ao meio-dia, horário em que Obama passou automaticamente a ser o presidente dos EUA.
"Obama pediu que a população não se desmobilize, porque agora será necessário o exercício da cidadania de todos", explica o jornalista e diretor do Instituto Brasil do Wilson Center, Paulo Sotero.
Tevê e pipoca também foram o programa da família da brasileira Fabiane Caulkins, professora de escola pública que mora há oito anos na região de Washington. Os filhos de 11, 12 e 13 anos não tiveram aula ontem, que foi feriado.
Cristina descreve a atmosfera como de muita esperança. Mas, apesar do clima de show de rock e da confiança que os norte-americanos depositam em seu 44º presidente, ele próprio fez questão de ressaltar em seu discurso que a reconstrução da economia do país não depende só dele.
"As pessoas estão conscientes de que ele não fará milagres. O momento é de crise e em seus discursos ele sempre fala nós, porque cada um terá de fazer a sua parte", diz.
Para Fabiane, muita gente esquece que Obama terá de tomar medidas desagradáveis. "Muitos estão alegres, mas não pensam nas implicações das ideias de Obama, como alta de impostos. As pessoas compram menos nessas horas", diz. O principal motivo para comemorar, na opinião dela, é a chegada de um negro ao poder.
"A posse assume um caráter muito especial pelo fato de que o país teve parte da mão-de-obra formada por escravos negros. O próprio Capitólio foi construído por escravos", destaca Sotero, que mora há 29 anos nos EUA.
"A eleição representa a realização do sonho de Martin Luther King, que disse que esperava que um dia os norte-americanos pudessem ser julgados não pela cor da pele mas pelo caráter."
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