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O novo líder do Partido Conservador Boris Johnson
O novo líder do Partido Conservador, Boris Johnson| Foto: Tolga AKMEN/AFP

Ex-secretário de Relações Exteriores e a cara do movimento pró-Brexit, Boris Johnson assumirá como primeiro-ministro do Reino Unido na tarde de quarta-feira (23). O maior desafio que ele enfrentará, e o que derrubou a primeira-ministra Theresa May, é a saída do Reino Unido da União Europeia. Johnson se comprometeu a fazer isso até 31 de outubro, com ou sem um acordo. Mas este está longe de ser seu único problema.

Irã

O mais urgente deles é o Irã. O adversário de Johnson na disputa pela liderança no Partido Conservador, Jeremy Hunt, em seu papel de secretário de Relações Exteriores, estabeleceu nesta segunda-feira (22) um plano europeu para montar uma missão naval que fornecerá passagem segura para navios pelo Golfo Pérsico. Na semana passada, o Irã apreendeu um petroleiro britânico, o Stena Impero, na região - ato que Hunt descreveu como "pirataria estatal".

Administrar essa crise significará lidar não apenas com as autoridades da União Europeia, mas também com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Atualmente, o Reino Unido está tentando manter seus próprios esforços e, ao contrário dos EUA, ainda apoia o acordo nuclear iraniano de 2015 - do qual é um dos signatários.

Huawei

Nas telecomunicações, a decisão sobre a utilização de equipamentos da Huawei Technologies já passou da hora. Se o governo de Johnson decidir usá-las, correrá o risco de entrar em choque com a administração Trump, que impôs uma proibição à empresa. Mas se rejeitar a Huawei, pode atrasar o lançamento da banda larga móvel 5G no Reino Unido em até dois anos, o que seria péssimo para a economia.

A questão era tão controversa no governo de May que o vazamento de um plano que daria à Huawei acesso limitado para ajudar a construir a rede 5G no país levou à demissão do secretário de Defesa Gavin Williamson em maio.

Governabilidade

Com Johnson prestes a ganhar a disputa pela liderança do Partido Conservador, na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores, Alan Duncan, crítico aberto de seu ex-chefe, renunciou. "É trágico que justamente quando poderíamos ter sido a força intelectual e política dominante em toda a Europa e além, tivemos que passar todos os dias trabalhando sob a nuvem negra do Brexit", disse ele em sua carta de renúncia.

Duncan se juntará a outros ex-ministros, incluindo o das Finanças Philip Hammond, o secretário da Justiça David Gauke, e talvez até a própria May, que pouco gostam de Johnson e prometeram trabalhar para impedir que o Reino Unido deixe a UE sem um acordo. Duncan chegou a questionar se Johnson teria o direito de se tornar primeiro-ministro.

Constitucionalmente, um primeiro-ministro tem que obter o apoio da Câmara dos Comuns para assumir o papel. Duncan queria uma votação para testar isso, o que foi recusado pelo presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow. A coalizão governista tem uma vantagem de apenas três assentos que lhe garante a maioria do Parlamento.

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