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Leopoldo López fala a jornalistas em frente à embaixada da Espanha em Caracas, 2 de maio
Leopoldo López fala a jornalistas em frente à embaixada da Espanha em Caracas, 2 de maio| Foto: Juan Barreto / AFP

A Espanha se encontrou inesperadamente no meio da crise política da Venezuela, após receber na semana passada Leopoldo López, opositor ao regime de Maduro.

Esse não é o primeiro país a se envolver em uma situação política ao oferecer refúgio a uma figura de alto nível. Confira alguns países que estão atualmente ou já se encontraram em um papel que eles nunca pediram:

1- Leopoldo López na embaixada da Espanha na Venezuela, atual

A embaixada da Espanha em Caracas está oferecendo refúgio a Leopoldo López, o líder da oposição venezuelana que, após anos de prisão domiciliar, inesperadamente se uniu a Juan Guaidó na semana passada em um ato que pediu uma revolta contra o ditador Nicolás Maduro.

Guaidó é líder da Assembleia Nacional controlada pela oposição e presidente interino reconhecido como líder legítimo da Venezuela por vários países, incluindo Brasil e Estados Unidos. O fato de López, que disse ter sido liberado da prisão domiciliar por militares que aparentemente deixaram de apoiar Maduro, ter ficado ao lado de Guaidó serviu como um estímulo para as pessoas tomarem as ruas. Mas o próprio López não podia ficar no meio do povo e assim buscou refúgio primeiro na embaixada chilena e depois na espanhola em Caracas.

Na quinta-feira, a Suprema Corte da Venezuela emitiu um mandado de prisão contra López. No final do dia, a Espanha disse que não iria entregar López. Mas, um dia depois, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, Josep Borrell, disse que seu governo "limitaria" as atividades políticas de López e "não permitiria que sua embaixada se tornasse um centro de ativismo político", o que talvez tenha sido um lembrete gentil ao opositor do regime chavista, que havia dado uma entrevista coletiva nos portões da embaixada, de que ele não deveria usar seu alojamento temporário como um centro de mídia.

2- Freddy Guevara na embaixada do Chile na Venezuela, atual

López, sua esposa e sua filha foram na terça-feira à Embaixada do Chile em Caracas, mas a missão diplomática já tinha um convidado – Freddy Guevara, que no mês passado descreveu a residência do embaixador chileno, onde ele está abrigado desde o final de 2017, como "a minha gaiola de ouro" para o Wall Street Journal. Guevara, outro líder da oposição da Venezuela, tem um quarto, um chef para preparar suas refeições, uma piscina e jardim. O embaixador chileno na época de sua chegada, Pedro Felipe Ramírez, teve que obter permissão de seu governo para permitir que Guevara ficasse. Ramírez foi um dos cerca de 50 mil chilenos que conseguiram asilo na Venezuela depois que Augusto Pinochet assumiu o poder em 1973.

Roberto Enríquez, outra figura da oposição venezuelana, também foi convidado diplomático do Chile por dois anos.

3- Berhanu Bayeh e Addis Tedla na embaixada da Itália na Etiópia, atual

Quase três décadas atrás, o regime Derg apoiado pelos soviéticos na Etiópia foi derrubado, e quatro ministros que haviam sido acusados ​​de ordenar assassinatos em massa conseguiram chegar à embaixada italiana. Em 2004, em resposta a um pedido do Ministério das Relações Exteriores da Etiópia, a Itália disse que não entregaria os homens. O país reiterou essa posição ao Vice News em 2015, quando confirmou que dois dos quatro homens, o ex-chefe de equipe Addis Tedla e o ex-ministro das Relações Exteriores Berhanu Bayeh, ainda moravam lá. Os outros dois haviam morrido. Tedla e Bayeh ainda estavam lá no começo do ano, segundo o Ethiopian Observer, apesar de alegadamente serem "incômodos" para autoridades italianas.

4- Julian Assange na embaixada do Equador no Reino Unido, 2012-2019

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, passou quase sete anos na embaixada do Equador em Londres. O Equador convidou a Polícia Metropolitana para a embaixada para prendê-lo no início deste ano, após meses de queixas de autoridades sobre sua suposta atitude e higiene precárias. O editor-chefe do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, respondeu a uma pergunta de um repórter do Der Spiegel sobre o suposto comportamento problemático de Assange dizendo: "Eles encontraram uma mancha no interruptor do banheiro e alegaram que eram fezes de Julian. Esse caso foi usado pelo presidente do Equador como prova de que Julian estava espalhando fezes em todas as paredes da embaixada. Até que ponto você pode descer?

5- Roger Pinto na embaixada do Brasil na Bolívia, 2012-2013

O senador Roger Pinto, que fazia parte da pequena oposição de direita da Bolívia, disse em 2012 que ele e sua família haviam recebido ameaças de morte depois de acusar de corrupção o governo do presidente Evo Morales e assim buscaram refúgio na embaixada brasileira. Ele ficou lá por mais de 450 dias, porque, embora tivesse recebido asilo no Brasil, a Bolívia não reconheceu e não o deixou sair. Em 2013, com alguns na embaixada preocupados com a saúde de Pinto, um diplomata chamado Eduardo Saboia decidiu resolver o problema por conta própria e ajudou a transportar Pinto clandestinamente da Bolívia para o Brasil em uma viagem de 20 horas em um carro diplomático. Saboia alegou que agiu sem a permissão do Ministério das Relações Exteriores, mas o ministro das Relações Exteriores do Brasil foi posteriormente substituído. Pinto faleceu no Brasil em 2017.

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