Negociadores da União Europeia e do Reino Unido entraram em acordo sobre um plano preliminar para sua relação pós-Brexit, estabelecendo uma visão de laços econômicos estreitos entre as duas partes.
O presidente do Conselho da UE, Donald Tusk, disse que o esboço havia sido acordado em princípio, até a aprovação dos líderes no domingo. A primeira ministra do reino Unido, Theresa May, disse que o “povo britânico quer que isso seja resolvido”.
“Eles querem um bom acordo que nos coloque no caminho para um futuro mais brilhante. Esse acordo está ao nosso alcance e eu estou determinada a aprová-lo", disse ela.
Leia mais: Tudo o que você precisa saber sobre o Brexit
Saiba os principais pontos tratados e quais os trâmites a partir de agora.
Irlanda
As duas partes chegaram a um pré-acordo sobre a questão da fronteira entre a Irlanda, que faz parte da UE, e a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, em que considera o uso de "tecnologias" para evitar uma fronteira dura, após os britânicos deixarem o bloco único em 29 março de 2019.
O esboço prevê "arranjos alternativos" à solução emergencial da fronteira irlandesa, sem apontar mais detalhes.
"As partes estão determinadas a substituir a solução de apoio a Irlanda do Norte por um acordo subsequente que estabelece arranjos alternativos para garantir a ausência de uma fronteira dura" entre as Irlandas, de acordo com o esboço, acrescentado que tais arranjos facilitadores e tecnologias serão considerados no desenvolvimento de um regime alternativo para a ausência de fronteira dura.
O esboço destacou ainda que quaisquer decisões não prejudicam as disposições relativas à Área de Viagem Comum (CTA) que se aplica entre o Reino Unido e a Irlanda.
Leia mais: Brexit é ameaça à paz na Irlanda do Norte
Mobilidade
O Reino Unido decidiu que o princípio da livre circulação de pessoas entre a União e o Reino Unido deixará de ser aplicável, portanto ambos estabeleceram mecanismos de mobilidade. Neste contexto, as partes pretendem fornecer, por meio de suas leis internas, viagens de curta duração sem a necessidade de visto.
Além disso, ambos acordaram considerar condições de entrada e permanência para estudo, formação e intercâmbio de jovens.
No caso da imigração ilegal, as partes afirmaram que continuarão a combatê-la, reconhecendo a necessidade de proteger os mais vulneráveis.
Comércio
O pré-acordo dá à indústria o que ela queria, pois aponta o caminho para o comércio fácil de mercadorias, exigindo "uma área de livre comércio, combinando profunda cooperação regulatória e aduaneira", baseada em disposições que assegurem condições equitativas para uma concorrência aberta e leal.
Pesca
Em relação ao setor de pesca, algo que também limitava as negociações e preocupa os mercados financeiros, o esboço não trouxe detalhes e apontou que as partes farão tudo o que estiver ao seu alcance para concluir e ratificar um novo acordo até 1 de Julho de 2020, a fim de estar em vigor a tempo de ser utilizado para possibilidades de pesca para o primeiro ano após o período de transição.
Por enquanto, preservando a autonomia regulatória, as partes deverão cooperar no desenvolvimento de medidas para a conservação, gestão racional e regulação das pescarias, num contexto não discriminatório.
Gibraltar
Quanto ao futuro de Gibraltar - território britânico ultramarino localizado no extremo sul da Península Ibérica -, nada foi especificado no esboço. A premiê do Reino Unido, Theresa May, afirmou, porém, que essa questão será discutida nos próximos dias e será abordada no acordo final, que deverá ser assinado no domingo. A Espanha havia ameaçado votar contra o plano se o futuro de Gibraltar não for considerado um assunto bilateral entre Madri e Londres.
O que acontece a partir de agora?
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, vai voltar à Bruxelas para continuar as negociações sobre pontos pendentes, como a questão de Gibraltar, porque já no domingo (24) os líderes da União Europeia vão se reunir para votar o acordo e a declaração política sobre a futura relação entre a União Europeia e o Reino Unido.
Se eles aprovarem os documentos, May começa uma corrida para convencer os parlamentares britânicos a também darem o seu aval ao plano - a maioria atualmente é contra. Se ela tiver sucesso nesta empreitada, o acordo passará novamente para a União Europeia, onde será ratificado pelo Parlamento Europeu.
O Reino Unido deixará a União Europeia oficialmente em 29 de março de 2019.
Reforma tributária altera imposto caótico criado para durar “até o final dos tempos”
Falhas de “tribunais raciais” de universidades geram insegurança jurídica
Reconhecimento explícito: Lula enviará embaixadora para posse de Maduro na Venezuela
Lula mentiu tanto em 2024 que até uma agência de esquerda compilou suas fake news