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A fronteira final

50 anos da Era Espacial

Detalhe da garrafa de whisky que foi vendida pelo equivalente a R$ 110 mil | Reprodução
Detalhe da garrafa de whisky que foi vendida pelo equivalente a R$ 110 mil (Foto: Reprodução)

Curitiba – Há 50 anos, a União Soviética colocou em órbita o primeiro satélite feito pelo homem. Com o diâmetro de uma bola de basquete e pouco mais de 80 quilos, o Sputnik (satélite, na tradução do russo) foi lançado do Cosmódromo de Baikonur em 4 de outubro de 1957. Do espaço, sua única função foi emitir um som: "bip-bip-bip". Depois de 22 dias em órbita, a bateria acabou e, semanas depois, ele evaporou-se ao reentrar na atmosfera terrestre. A façanha parece pequena, mas o Sputnik marcou o início da Era Espacial e teve conseqüências enormes na ciência e na política, além de na própria maneira do homem ver o espaço e a si próprio. Foi também um momento de paradoxo. Se, de repente, o Universo pareceu pequeno (e conquistável), a humanidade se viu mais próxima de ser liquidada.

O Sputnik chegou ao espaço carregado pelo míssil balístico intercontinental R-7. O momento histórico era importante: no fim da década de 1950, a Guerra Fria começava a tomar forma. O recente sucesso espacial comunista foi uma demonstração de força militar. A bomba atômica, o máximo em armamento até então, era bem mais "maleável" – precisava de um avião para ser carregada e, entre a decolagem e o momento do ataque, havia tempo para negociações. Agora, com o R-7, os soviéticos poderiam carregar ogivas nucleares e provocar em poucos minutos uma destruição de proporções apocalípticas. Para os norte-americanos, foi um susto. O comunismo parecia estar vencendo o capitalismo. Além de que, como um voto de minerva, o Sputnik fez com que muitos países em desenvolvimento optassem pela ideologia de Stalin e Kruschev.

Os EUA só conseguiram colocar seu primeiro satélite em órbita em janeiro do ano seguinte. Antes disso, em novembro, a URSS já havia enviado o primeiro animal – a cadela Laika – ao espaço. Wernher von Braun, o alemão chefe do programa espacial norte-americano, acredita que os Estados Unidos poderiam ter sido os pioneiros do espaço. Segundo ele, faltou apoio do Pentágono. Muitos historiadores creditam a vitória de John F. Kennedy na eleição presidencial seguinte, em 1960, ao fato de Dwight D. Eisenhower ter conduzido mal a questão espacial (o concorrente de Kennedy, Richard Nixon, era vice de Eisenhower).

Em abril de 1961, o russo Yuri Gagarian tornou-se o primeiro homem a viajar pelo espaço. No dia 25 de maio daquele ano, poucos meses após assumir, Kennedy fez um discurso forte perante o Congresso. Antes do fim desta década, disse ele, os EUA irão colocar um homem na Lua e retorná-lo com segurança à Terra. O governo americano estava disposto a reagir. Nos anos seguintes, apesar do notável avanços dos americanos, a União Soviética continuou quebrando recordes: a primeira mulher no espaço (Valentina Tereshkova, em 1963), o primeiro homem a andar no espaço (Alexei Leonov. em 1965) e o primeiro impacto contra outro planeta (Vênus, em 1966). Foi apenas com o programa espacial Soyuz, em 1967, que a dominância soviética caiu por terra.

Quando os Estados Unidos colocaram o primeiro homem na Lua – Neil Armstrong, em 1969 –, o Soyuz sofria problemas no lançamento. Os soviéticos ainda tentaram uma recuperação, com a estação espacial MIR, mas logo que começou a ser habitada a União Soviética desmoronou.

Cinqüenta anos depois de seu início, a corrida espacial parece ter perdido o ritmo. Desde 1972, nenhum homem pisa na Lua. A tão esperada colonização de Marte também não veio. Os programas espaciais mudaram de foco. "O que ocorreu foi que passou a ter um outro tipo de procedimento para visitar esses lugares e para buscar informações sobre eles. São as sondas. Em vez de colocar o homem e toda a parafernália que deve acompanhá-lo numa viagem ao espaço, estão fazendo as viagens com sondas, por assessoramento remoto. Envolve menos custo e menos risco", afirma o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), Paulo Roberto Martins. "Mas isso sem dúvida não vai parar aí. O homem quer ir longe", completa. Como dizia o famoso astrônomo Carl Sagan, "em algum lugar, algo incrível está esperando para ser descoberto."

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