Há 50 anos, em 15 de setembro de 1970, durante uma reunião de 20 minutos, o então presidente americano Richard Nixon teria ordenado que a CIA fomentasse um golpe militar contra o presidente do Chile na época, Salvador Allende. Richard Helms, então diretor da agência de inteligência americana, fez anotações manuscritas sobre a reunião que indicam que Nixon teria emitido ordens explícitas para impedir que o político socialista, recém-eleito, tomasse posse em novembro, ou para que os funcionários americanos criassem as condições para destituí-lo se ele assumisse a presidência. O golpe militar do Chile ocorreu três anos depois, em 11 de setembro de 1973.
Para lembrar a ocasião, o National Security Archive, uma instituição de pesquisa não governamental, publicou nesta terça-feira (15) um conjunto de relatórios intitulado "A opção extrema: derrubar Allende". "A reunião do Salão Oval de 15 de setembro de 1970 marcou o primeiro grande passo para minar a democracia chilena e apoiar o advento de uma ditadura militar", disse Peter Kornbluh, que dirige o projeto sobre o Chile e é o autor de "O Arquivo Pinochet".
"1 chance em 10, talvez, mas salve o Chile" e "não estou preocupado [com] os riscos envolvidos" foram algumas das frases anotadas por Helms durante a reunião com Nixon. Este documento ficou conhecido ainda em 1975, quando o senado americano estava investigando as operações secretas da CIA no Chile e em outros lugares. Desde então, as notas de Helms se tornaram a representação icônica da intervenção dos EUA no Chile.
O relatório publicado pelo National Security Archive nesta semana traz outros documentos, também abertos mas menos conhecidos, sobre a contribuição dos EUA no golpe militar contra Allende. Alguns deles, segundo Kornbluh, traçam um "roteiro" sobre como se deu a influência americana e mostram a "gênese da diretriz presidencial", com documentos anteriores à reunião de 15 de setembro de 1970.
O relatório está disponível neste link, em inglês.