A eleição para a presidência dos Estados Unidos ganha quase todas as atenções, mas em 3 de novembro os eleitores também vão votar em seus representantes no Congresso americano e em governadores de 11 estados e dois territórios.
Todos os assentos da Câmara dos Representantes e um terço das vagas do Senado estão em jogo em 2020, em disputas consideradas cruciais, dado o volume recorde de investimentos nas campanhas.
Entenda como funcionam as eleições para o congresso e saiba quais são as previsões para este ano.
1. Câmara renovada a cada dois anos
Cada estado americano é dividido em distritos de acordo com o tamanho da sua população. Cada distrito elege um representante para a Câmara. Por exemplo, a Califórnia, estado mais populoso, tem 53 distritos e portanto elege 53 representantes na Câmara. Já o Alaska, que tem uma população pequena, tem apenas um distrito. Os representantes são eleitos de forma direta: o candidato que recebe mais votos em cada distrito ganha um dos 435 assentos da Câmara.
As eleições para a Câmara dos Representantes são realizadas a cada dois anos. Portanto, no meio do mandato presidencial, toda a Casa é renovada nas chamadas "midterm elections".
O partido que conquista a maioria dos assentos tem o controle da Câmara. A situação ideal para um presidente é ter a Câmara controlada pelo seu próprio partido. Mas o balanço do poder muitas vezes muda com as eleições de meio de mandato, e o presidente pode ter maior dificuldade de passar leis quando muitos membros da oposição são eleitos.
2. Senadores têm mandato de seis anos
Os senadores americanos são eleitos para um mandato de seis anos. As eleições são escalonadas – a cada dois anos, um terço dos assentos do Senado está em jogo, os senadores podem concorrer a reeleição.
Cada estado tem dois senadores, independentemente do tamanho da sua população. Portanto, o Senado é composto por 100 legisladores.
Em 2020, 35 assentos estão em disputa: 12 atualmente ocupados por democratas e 23 por republicanos, que hoje têm a maioria na Casa. A maioria dos senadores aptos busca a reeleição; neste ano, apenas quatro deles (um democrata e três republicanos) anunciaram que estão se retirando da vida pública e não concorrem a um novo mandato.
3. Como estão as previsões para o Senado
Atualmente, os republicanos têm a maioria do Senado, com 53 assentos, contra 45 do Partido Democrata e 2 de independentes, que formam bancada com os democratas.
A situação pode mudar em 2021, já que os democratas têm mais chances de vencer a maioria do Senado, de acordo com as pesquisas. Segundo as previsões do site especializado FiveThirtyEight, o Partido Democrata tem 80% de chances de assegurar entre 48 e 55 assentos. Na eleição atual, 23 assentos republicanos e 12 democratas estão em jogo.
4. Como estão as previsões para a Câmara
Após virarem o jogo em 2018, os democratas atualmente têm o controle da Câmara, ocupando 232 assentos, contra 197 dos republicanos e um de um libertário. Atualmente há ainda cinco assentos vagos.
O partido de Joe Biden espera manter, e talvez ampliar, a maioria na Câmara. Os democratas são "claramente favoritos" para vencer a Câmara, segundo as projeções do FiveThirtyEight, que aponta que eles têm 80% de chances de garantir entre 226 e 256 assentos. Ainda de acordo com o modelo estatístico do site, os democratas mantêm o controle em 98% dos cenários.
Nas eleições de meio de mandato de 2018, os democratas conquistaram 40 assentos na Câmara que estavam sendo ocupados por republicanos. Para o partido de Donald Trump reconquistar a maioria na Casa, é preciso virar 17 assentos que hoje são democratas. Eles têm chances de desbancar alguns desses deputados que venceram eleições acirradas em 2018.
5. Algumas eleições são especiais
Além da votação regular para o Congresso americano, existem também as chamadas "eleições especiais", que decidem quem vai ocupar assentos que ficaram vagos por causa de renúncia, morte ou remoção do cargo.
Essas eleições especiais não acontecem necessariamente no dia da votação em novembro e podem ser realizadas em qualquer momento do calendário quando necessárias.
No dia 3 de novembro, duas eleições especiais acontecerão: uma para o Senado no Arizona e outra para o Senado na Geórgia.
Quem vencer a eleição no Arizona ocupará o assento que era do senador republicano John McCain, morto em 2018, pelo restante do seu mandato, que seria de 2017 a 2022. Dois atuais senadores, um democrata e uma republicana, e outros 17 candidatos concorrem a essa vaga.
Na Geórgia, 21 candidatos estão na cédula da eleição especial para o Senado: oito democratas, seis republicanos, cinco independentes, um do Partido Verde e um libertário. Se nenhum deles atingir a maioria do votos, os dois primeiros colocados terão um segundo turno em janeiro. O vencedor ocupará os dois anos restantes do mandato do republicano Johny Isakson, que renunciou em 2019 por motivos de saúde. Um senadora interina ocupa o assento atualmente.
6. Campanhas custam caro e bateram recordes de gastos em 2020
As eleições federais americanas de 2020 devem custar US$ 14 bilhões, o valor mais alto na história do país e o dobro da quantia gasta em campanhas para as eleições presidenciais e do Congresso americano de quatro anos atrás, estimou o Center for Responsive Politics. Desse montante, mais de US$ 7 bilhões devem ser investidos nas disputas pelo Congresso americano.
Até o momento, a disputa para o Senado na Carolina do Norte entre o senador republicano Thom Tillis e o desafiante democrata Cal Cunningham é a campanha para o Congresso americano mais cara de todos os tempos no país: cerca de US$ 265 milhões foram gastos pelos candidatos e outras organizações.
Em segundo lugar, está a disputa em Iowa entre a senadora republicana Joni Ernst e a democrata Theresa Greenfield, cujas campanhas custaram um total de US$ 218 milhões.
Até meados de outubro, oito das dez disputas pelo Senado mais caras da história americana são do ano de 2020. Segundo o Center for Responsive Politics, a batalha para o Senado é a corrida mais acirrada e importante das eleições de 2020, como mostram as doações em números recordes aos candidatos ao Senado e somas inéditas gastas por grupos para influenciar essas disputas.
A previsão inicial do Center for Responsive Politics era de um total de US$ 11 bilhões gastos em campanhas para as eleições federais. Mas na reta final, houve uma injeção extraordinária de doações, motivadas pela batalha dos partidos em torno da nomeação de Amy Coney Barrett para a Suprema Corte e o acirramento das corridas para a Câmara e o Senado em vários estados.