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6 pontos para entender as últimas batalhas da guerra comercial entre EUA e China

O presidente chinês, Xi Jinping | Qilai Shen/Bloomberg
O presidente chinês, Xi Jinping (Foto: Qilai Shen/Bloomberg)

1 — Trump impõe tarifa de 10% sobre US$ 200 bi em bens chineses e elevará para 25% em janeiro 

O que os EUA fizeram: O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas de 10% sobre o valor de US$ 200 bilhões em importações chinesas, e essas tarifas aumentarão para 25% no início de 2019. 

De acordo com comunicado do presidente, as tarifas de 10% terão início a partir do dia 24 de setembro. No dia 1º de janeiro, as tarifas subirão para 25%. Além disso, "se a China tomar medidas de retaliação contra nossos agricultores ou outras indústrias, imediatamente buscaremos a fase três, que são tarifas adicionais sobre aproximadamente US$ 267 bilhões de importações". 

O motivo: Segundo Trump, a China está envolvida em inúmeras políticas e práticas injustas relacionadas à tecnologia e à propriedade intelectual dos Estados Unidos, como forçar as empresas dos Estados Unidos a transferir tecnologia para as contrapartes chinesas e o país não está disposto a mudar suas práticas. 

Mesmo após tarifas, "a China se recusa a mudar suas práticas e, de fato, recentemente impôs novas tarifas em um esforço para prejudicar a economia dos Estados Unidos", apontou Trump. 

Qual é a tática americana: O diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou nesta segunda-feira que a conduta comercial da atual gestão, que apresenta uma postura agressiva antes de chamar parceiros comerciais à negociação, é uma "estratégia". 

A frase: "Peço aos líderes da China que tomem medidas rápidas para pôr fim às práticas comerciais injustas do país. Espero que esta situação comercial seja resolvida, no final, por mim e pelo Presidente Xi da China, pelos quais tenho grande respeito e carinho", destacou o presidente americano. 

2 - China anuncia que retaliará e coloca em dúvida diálogo 

O que a China fará: O governo da China anunciou nesta terça-feira (18) que adotará retaliação contra os Estados Unidos. Em comunicado, o Ministério do Comércio em Pequim afirmou que também adotará tarifas de 10% em mais US$ 60 bilhões em produtos americanos. 

"Nós lamentamos profundamente isso. A fim de salvaguardar seus direitos e interesses legítimos e a ordem comercial livre global", a China terá de impor também tarifas, diz a nota oficial. 

Em um comunicado de agosto, o Ministério do Comércio da China disse que responderia à mais recente rodada de tarifas da Trump com impostos sobre mais de 5.200 tipos de importações americanas, incluindo peças industriais, produtos químicos e instrumentos médicos. Pequim está preparada para impor tarifas mais altas, num total de US$ 110 bilhões em produtos dos EUA. 

O ministro de Comércio da China, Zhong Shan, disse ontem, durante reunião com a executivos de seis multinacionais, incluindo Samsung, Toyota e HSBC, que a China irá ampliar a proteção de direitos de propriedade intelectual e acelerar a abertura de sua economia para criar um melhor ambiente de negócios para empresas. 

O motivo: Analistas dizem que o desafio de Xi reflete seu desejo de posicionar a China como uma superpotência. 

"A China precisa mostrar que enfrentará Trump e os Estados Unidos para demonstrar ao resto do mundo que agora é rival da América", diz Shaun Rein, diretor-gerente do Grupo de Pesquisa de Mercado da China em Xangai. 

As frases: "Os EUA insistem em elevar tarifas, que trazem nova incerteza para as consultas entre os dois lados", afirma ainda o texto, colocando em dúvida os diálogos bilaterais previstos para este mês entre os dois lados para tratar das diferenças comerciais. "Espera-se que os EUA reconheçam as possíveis consequências negativas de tais ações e usem meios convincentes de corrigi-las em um momento oportuno", conclui o comunicado do Ministério do Comércio chinês.

3 — A reação dos empresários americanos na China 

As empresas americanas instaladas na China interpretaram o anúncio de Pequim de que tomará medidas "qualitativas" contra os Estados Unidos como indicativo de regulamentações mais rigorosas, e paralisaram os vistos. 

A ameaça de mais tarifas de US$ 60 bilhões em produtos norte-americanos — e a promessa de Trump de atingir outros US $ 267 bilhões em bens chineses se essa retaliação se materializar — preocupou a comunidade empresarial americana na China. 

"Ao contrário do que se imagina em Washington, a China pode — e vai — se aprofundar e não estamos otimistas quanto à perspectiva de uma resolução no curto prazo", disse William Zarit, presidente da Câmara Americana de Comércio na China, nesta terça-feira. 

4 — Quanto tempo a guerra pode durar? 

A China sustentou que está bem posicionada para resistir aos golpes em uma disputa geopolítica que pode se prolongar indefinidamente, mesmo com o crescimento da nação desacelerando este ano. 

O banco central do país, por sua vez, permitiu que sua moeda caísse cerca de 5% desde janeiro, dando às exportações chinesas uma vantagem nos mercados internacionais, enquanto torna as importações mais caras. Na terça-feira, custou 6,88 renminbi (RMB, o Yuan, a moeda oficial da China) para comprar um dólar. 

Analistas dizem que o Banco do Povo da China provavelmente não vai dar sinal verde para mais desvalorizações, já que um RMB enfraquecido poderia afastar ativos para fora do país.

"O enfraquecimento do RMB poderia ajudar a compensar as novas tarifas", disse Larry Hu, economista-chefe da Macquarie Commodities e Global Markets, uma consultoria em Hong Kong. "No entanto, também prejudicará a própria China". 

 

5 — A China já sofre os efeitos da guerra 

Com o aumento da guerra comercial, a economia chinesa apresenta sinais de fraqueza,  incluindo a diminuição dos gastos dos consumidores, a desaceleração do investimento em infraestrutura e uma taxa relativamente baixa, porém crescente, de inadimplência de títulos corporativos. 

O Shanghai Composite Index (índice do mercado das ações negociadas na Bolsa de Xangai), por sua vez, despencou mais de 20% desde o início do ano, com perdas se acumulando depois que Trump lançou a guerra comercial. 

Alguns analistas previram que a incerteza nos negócios provocará demissões na China, que atualmente tem um índice de desemprego de 3,8%. 

Os economistas do Deutsche Bank Zhiwei Zhang e Yi Xiong estimaram em uma análise de setembro que uma escalada na guerra comercial reduziria apenas meio ponto percentual do crescimento do país. Os bens para os Estados Unidos, eles observaram, foram responsáveis, no ano passado, por apenas 12% das exportações totais da China. 

"As autoridades chinesas provavelmente não sentem urgência em ceder e concordar com todos os termos solicitados pelo lado dos EUA", escreveram Zhiwei e Yi. 

 6 — Sem vencedores 

A demanda por produtos chineses em solo americano saltou em meio às crescentes tensões: os últimos dados do censo divulgados quarta-feira passada mostraram que o déficit de mercadorias dos EUA com a China cresceu cerca de 8%, para US$ 234 bilhões no mesmo período do ano passado. 

Tim Stratford, ex-representante comercial dos EUA e sócio-gerente do escritório de Covington em Pequim, previu em um fórum do Fórum Econômico Mundial em Tianjin, na terça-feira, que o conflito não verá nenhum vencedor em breve.

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