Os protestos contra o governo do Equador completam duas semanas, com cinco mortos, 200 feridos, pelo menos 100 detenções e um prejuízo de cerca de US$ 500 milhões (R$ 2,61 bilhões), segundo estimativas divulgadas neste domingo (26) pelo Executivo. A mobilização nacional contra o presidente Guillermo Lasso é promovida pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), presidida por Leônidas Iza. Entenda o que envolve esses protestos, iniciados em 13 de junho:
1. Lista de reivindicações
Liderados pela Conaie, os protestos começaram nas províncias, baseados em uma agenda com 10 pontos de luta, que envolvem redução do preço dos combustíveis, emprego e direitos trabalhistas, perdão de dívidas de famílias campesinas, não privatização de setores estratégicos, política de controle de preços, moratória da mineração, combate à criminalidade e não expansão da atividade petrolífera e mineradora na Amazônia. Além da Conaie, outras organizações de camponeses, sindicatos e federações de estudantes também aderiram à onda de protestos contra o alto custo de vida e as políticas econômicas do governo.
2. Prejuízos na economia
De acordo com o ministro da Produção, Comércio Exterior, Investimentos e Pesca do Equador, Julio José Prato, em decorrência dos bloqueios de rodovias e da obstrução de cidades, o setor privado já deixou de faturar cerca de US$ 225 milhões (R$ 1,17 bilhão) no período dos protestos. E a cada dia, o montante sobe de US$ 40 milhões a US$ 50 milhões.
No comércio equatoriano, o prejuízo gira em torno de US$ 90 milhões (R$ 470,9 milhões). Com vendas em queda de 60%, Quito e Cuenca são as cidades mais afetadas. Nos setores agrícola e pecuário, as perdas econômicas são estimadas em cerca de US$ 90 milhões.
Prato acrescentou que a cadeia produtiva em situação "extremamente crítica" é a avícola, com "grande quantidade de frangos tendo que ser sacrificados ou não resistindo à falta de alimentos". "Na indústria de laticínios, há uma perda de leite de 8,5 milhões de litros, o que significa cerca de US$ 13 milhões. As vendas foram reduzidas em 85%", detalhou o ministro em entrevista coletiva.
Um dos pilares da economia do Equador, o setor petrolífero registra um impacto negativo de US$ 96 milhões, tendo deixado de produzir nas últimas duas semanas 1 milhão de barris de petróleo (mais de 80% da produção fica a cargo da estatal Petroecuador).
3. Impeachment em debate
O Congresso equatoriano está debatendo um pedido de impeachment do presidente Guillermo Lasso. A convocação foi feita na noite de sexta-feira (24) a pedido de pelo menos um terço dos parlamentares. A oposição acusa Lasso de levar o Equador a uma grave crise política e comoção interna, com protestos e bloqueios quase diários desde 13 de junho. O presidente da Assembleia Nacional (Parlamento) do Equador, Virgilio Saquicela, convocou uma sessão para o sábado (25), com o impeachment do presidente como pauta única. A discussão foi retomada na noite do domingo (26). Após o debate, o Parlamento tem 72 horas para votar sobre a continuidade do presidente.
4. Lasso denuncia golpe
Na sexta-feira, o presidente equatoriano denunciou a tentativa de destruí-lo como um golpe de Estado promovido por líderes dos protestos contra seu governo. Em pronunciamento transmitido pela TV e redes sociais, Lasso fez "um apelo à comunidade internacional para alertar sobre esta tentativa de desestabilizar a democracia no Equador". Ele acusou Leônidas Iza, principal líder das manifestações, de buscar "a derrubada do governo", diante da notícia de que Pachakutik, o braço político da entidade, considerava solicitar seu impeachment na Assembleia Nacional.
Lasso mostrou-se surpreso com a decisão, uma vez que, segundo ele, o governo teria chegado a um acordo com os representantes do movimento indígena um dia antes. "Nos deixa claro que ele (Iza) nunca quis resolver uma agenda para o benefício dos povos indígenas e nacionalidades. A única coisa que ele estava procurando era enganar sua base e usurpar o governo legalmente constituído", declarou o presidente.
5. Estado de exceção revogado
No sábado, o presidente do país afirmou que revogou o estado de exceção, instituído no dia 18, que vigorava em seis províncias em que foram registrados protestos e confrontos. “Hoje foi um dia normal, como foi ontem sexta-feira com todos os retornos às suas comunidades do setor indígena, que responderam ao nosso pedido, e hoje à tarde revoguei o estado de exceção, para que todos os interessados tenham a tranquilidade de que este é um governo democrático, que uma vez reconquistada a paz, revoga o estado de exceção”, disse Lasso, em entrevista exclusiva à CNN.
6. Medidas do governo
No dia em que decretou o primeiro estado de emergência, Guillermo Lasso anunciou uma série de medidas econômicas, na tentativa de amenizar "a difícil situação de muitas famílias". Entre as respostas às reivindicações, estão: aumento do bônus de desenvolvimento humano de US$ 50 para US$ 55, subsídio de até 50% do preço do fertilizante de ureia para pequenos e médios produtores, dobrar o orçamento para a educação intercultural, perdão dos créditos vencidos de até US$ 3 mil no BanEcuador, crédito agrícola de até US$ 5 mil a 1% e prazo de 30 anos, promessa de não privatização de serviços públicos e setores estratégicos e de que não haverá alta nos preços do diesel e da gasolina.
Direita vê ação contra militares como “cortina de fumaça”; governistas associam caso a Bolsonaro
O que diz o relatório da PF que levou à prisão de militares por plano de morte de Lula e Moraes
PF diz que Braga Netto foi peça-chave em suposto plano de golpe de Estado
Quem são os secretários escolhidos por Trump para compor o governo dos EUA a partir de 2025
Deixe sua opinião