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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski (esq.), e o presidente dos EUA, Donald Trump, em encontro em Nova York, 25 de setembro de 2019, às margens da Assembleia Geral da ONU
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski (esq.), e o presidente dos EUA, Donald Trump, em encontro em Nova York, 25 de setembro de 2019, às margens da Assembleia Geral da ONU| Foto: SAUL LOEB / AFP

A Casa Branca divulgou nesta quarta-feira (25) a transcrição de um telefonema controverso entre o presidente americano Donald Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenski, que está no centro de um pedido de inquérito de impeachment na Câmara dos Deputados dos EUA.

A transcrição, de acordo com a prática da Casa Branca, é um memorando de uma conversa telefônica e não é um relato literal da conversa. O texto reflete as anotações e memórias dos funcionários na sala de situação. Confira aqui a íntegra da transcrição divulgada da conversa, traduzida.

A seguir, alguns pontos que ajudam a entender a situação:

1 - A transcrição não menciona um "toma lá, dá cá" explícito

A ideia de que Trump publicaria por iniciativa própria um documento que o mostrasse em uma situação explícita de "toma lá, dá cá" com um governo estrangeiro sempre foi inverossímil, mas vale a pena observar que isso não está lá.

2 - Trump pediu a Zelenski que trabalhasse com seus aliados na investigação de Biden

Em várias ocasiões, Trump disse que ele faria com que o procurador-geral William Barr e seu advogado pessoal Rudy Giuliani entrassem em contato diretamente com Zelenski. Zelenski disse que um de seus assistentes conversou recentemente com Giuliani e que esperava que Giuliani viajasse de volta à Ucrânia para se encontrar com ele.

O Departamento de Justiça disse categoricamente que Trump não falou com Barr sobre investigação da Ucrânia de algo relacionado a Biden, e que ele não pediu que Barr contatasse a Ucrânia. O departamento também disse que Barr não se comunicou com a Ucrânia sobre qualquer assunto ou discutiu a questão com Giuliani.

3 - Trump menciona que os EUA são "muito, muito bons para a Ucrânia"

Os relatos indicaram que Trump conversou com Zelenski sobre a investigação dos Bidens, mas que não houve uma contrapartida explícita - e que Trump não mencionou que ele estava retendo centenas de milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia.

Mas o documento indica que Trump fez questão, logo no início da ligação, de dizer a Zelenski o quanto o governo dos Estados Unidos é bom para o seu país.

"Eu vou dizer que nós fazemos muito pela Ucrânia. Nós gastamos muito esforço e muito tempo", diz Trump. Em seguida, Trump diz duas vezes que os Estados Unidos têm sido "muito, muito bons para a Ucrânia" e sugere que a Ucrânia não estava cumprindo sua parte no acordo.

"Os Estados Unidos têm sido muito, muito bons para a Ucrânia", diz Trump. "Eu não diria que isso é recíproco necessariamente porque estão acontecendo coisas que não são boas, mas os Estados Unidos têm sido muito, muito bons para a Ucrânia".

Isso é significativo porque, mesmo na ausência de uma contrapartida, Zelenski poderia logicamente acreditar que a ajuda ou alguma outra forma de assistência estava ligada às suas decisões. O comentário de Trump de que o relacionamento não era "recíproco" certamente sugere que a Ucrânia não está fazendo o que deveria.

4 - Trump imediatamente começa a pedir investigações

Depois que Zelenski responde, os próximos comentários de Trump tratam das investigações que ele gostaria de ver. A primeira envolve a investigação da Rússia do promotor especial Robert Mueller e da CrowdStrike, empresa de segurança na Internet com sede nos EUA que analisou inicialmente a violação de servidores do Comitê Nacional Democrata em 2016 e apontou para dois grupos de hackers que se acredita estarem vinculados à Rússia.

Trump logo acrescenta: "A outra coisa: há muita conversa sobre o filho de Biden, que Biden impediu a acusação e muitas pessoas querem descobrir mais sobre isso, então o que você puder fazer com o procurador-geral seria ótimo... [O caso] parece horrível para mim."

5 - Trump falou sobre a eleição de 2016

Trump pediu a Zelenski que "nos fizesse um favor" e tentasse encontrar um servidor hackeado que pertencia ao Comitê Nacional Democrata.

O servidor foi hackeado como parte dos esforços da Rússia para interferir nas eleições de 2016 nos EUA. Trump associou o servidor à investigação por uso de e-mail privado pela democrata Hillary Clinton, embora os dois assuntos sejam questões diferentes.

6 - Trump havia sido alertado sobre investigar os seus rivais

A pressão de Trump à Ucrânia para investigar Biden, o seu potencial rival, ecoou suas táticas passadas contra oponentes políticos. Ele até fez referência a um episódio na ligação, criticando o promotor especial Robert Mueller por sua investigação de Trump sobre a eleição de 2016.

O telefonema ocorreu um dia depois que Mueller testemunhou no congresso. Trump disse a Zelenski que a performance de Mueller foi "incompetente".

7 - Zelenski disse a Trump que ficou na Trump Tower

Zelenski passou algum tempo lisonjeando Trump durante a ligação. Ele começou dizendo que havia aprendido como vencer assistindo à campanha de Trump e que também queria "drenar o pântano" - frase usada por Trump em 2016.

"Você é um ótimo professor para nós", disse ele, de acordo com a transcrição aproximada. Zelenski também fez questão de falar sobre os empreendimentos imobiliários de Trump, comentando que na última vez em que esteve nos EUA, "ficou na Trump Tower".

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