1,5 milhões de pessoas, em sua maioria judeus, foram mortas nos campos de concentração nazistas, que acabaram se tornando o símbolo do holocausto e da 2ª Guerra Mundial.
Mil crianças
Em 1945, depois da abertura dos campos, cerca de mil crianças foram levadas para um sanatório no norte da Inglaterra, para que se recuperassem física e emocionalmente.
Pós-guerra
Estado mental de crianças libertas era mais preocupante do que os problemas de saúde física
Em 1945, depois que os campos de concentração foram fechados, cerca de mil crianças foram levadas para um sanatório no norte da Inglaterra, para que se recuperassem física e emocionalmente. A exposição, inaugurada no centro comemorativo da resistência alemã durante o nazismo, tem início com os testemunhos dos que atenderam aquelas crianças. "Seu estado mental era claramente pior que sua situação física", descreve um dos textos, que confirmam que algumas dessas crianças pensavam, durante sua estadia no sanatório, que talvez fosse melhor estarem mortas.
"Sentem piedade, mas ninguém precisa de nós. Se vivemos ou morremos, em todo caso, não deixaremos nenhum vazio. Nós não somos seus e deveríamos estar mortos, assim como nossos parentes", disse uma das crianças internadas.
Prova de confiança
Para Alwyn Mayer, autor do livro Não Esqueçam Seus Nomes. Crianças de Auschwitz, o fato de Jack Mandelbaum e Dagmar Livlova (duas das crianças que sobreviveram ao campo de concentração nazista) terem ido à Berlim para a inauguração da exposição é uma prova de confiança para com a Alemanha, depois de terem testemunhado e quase sido vítimas do Holocausto.
"Temos a obrigação de nos perguntar todos os dias se nós, alemães, merecemos esta confiança. E devemos seguir mantendo viva a memória do que aconteceu em Auschwitz", concluiu Meyer.
Não Esqueçam Seus Nomes. Crianças de Auschwitz é o título do livro de Alwyn Meyer e de uma nova exposição inaugurada nesta semana em Berlim que pretendem recuperar a partir do testemunhos de sobreviventes a memória das crianças levadas aos campos de concentração durante o regime nazista.
Alwyn Meyer é o autor da obra publicada para marcar o 70.º ano desde o fechamento de Auschwitz, em 27 de janeiro. Seu trabalho, que teve início quando, aos 21 anos, visitou o campo de concentração pela primeira vez, é fruto de décadas de pesquisas e reúne entrevistas com 50 sobreviventes.
"Para mim, o lançamento do livro de Awyn Meyer é uma grande felicidade", afirmou Dagmar Livlova, nascida em 1929 e que conseguiu sair com vida de sua passagem pelos campos de concentração de Auschwitz e Bergen-Belsen.
Memória
"Quando nos formos, este livro permanecerá, provendo testemunho sobre tudo o que aconteceu. Para nós é muito importante que aqueles que não tiveram a sorte de sobreviver não sejam esquecidos", disse Livlova durante a apresentação do livro à imprensa.
Jack Mandelbaum, que também sobreviveu a Auschwitz, destacou a relevância de manter viva a memória do ocorrido. "Isso é algo que precisa ser passado de geração em geração. A minha vida inteira falei sobre Auschwitz em igrejas e em escolas e não foi para buscar solidariedade, mas para educar as pessoas e contribuir para que algo assim não volte a acontecer", afirmou.
Talvez nenhum dos que estavam ao seu lado em 1945 esperasse que Dagmar Livlova estivesse viva hoje, 70 anos depois da abertura de Auschwitz. Livlova foi transferida em 1944 de Auschwitz para Bergen-Belsen por ter sido considerada apta para trabalhar e pelo fato de seus companheiros, que viviam no mesmo bloco que ela, terem mentido sobre sua idade, para salvá-la de uma morte certa.
Montanhas de mortos
Quando o campo de Bergen-Belsen foi fechado, em 15 de abril de 1945, Livlova estava muito doente e praticamente não conseguia se manter em pé. "Nos últimos meses não tínhamos quase nada para beber, comíamos pouco e havia montanhas de mortos, que ninguém enterrava. Por causa disso eu adoeci e mal podia me levantar, fui levada para um hospital", contou.
Livlova passou dois anos internada em um hospital. Mais tarde ela soube que havia sido levada para lá para que tivesse uma morte digna, pois não acreditavam em sua recuperação. "A primeira vez que voltei a me lavar com água quente foi uma sensação maravilhosa", lembrou.
Por sua vez, Mandelbaum afirmou que se recorda do dia em que foi libertado de Auschwitz com mais clareza do que se lembra do que tomou no café da manhã. "Quando nos levantamos nesse dia, a bandeira nazista havia sido arriada, os guardas tinham ido embora e as portas estavam abertas", relatou.
Família
Tanto Mandelbaum como Livlova nunca mais tiveram notícias de seus pais ou irmãos, eles foram os únicos sobreviventes de suas famílias, assim como aconteceu com muitas outras crianças que sobreviveram aos campos de extermínio.