“Nós vamos reconstruir a América, com mão calejada, tijolo por tijolo, para refazer o nosso país.”Barack Obama, presidente eleito dos EUA, em discurso da vitória| Foto: Timothy Clary/AFP

Chicago - Perante milhares de simpatizantes, em Chicago, estado pelo qual é senador, o democrata Barack Obama fez um discurso emocionado. Ele prometeu mudar os Estados Unidos e disse que sua vitória representa a força da democracia na América.

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Nascido em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, Barack Hussein Obama é o primeiro negro a chegar à Presidência dos Estados Unidos.

Leia trechos do discurso:

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"Olá, Chicago.

Se existe alguém que ainda duvida de que a América é um lugar onde todas as coisas são possíveis, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores está vivo em nosso tempo, que ainda questiona o poder de nossa democracia, esta noite é a resposta.

É a resposta contada pelas filas que se estenderam em torno de escolas e igrejas em números que a nação jamais viu, de pessoas que esperaram três horas ou quatro horas, muitas pela primeira vez em suas vidas, porque acreditaram que desta vez precisava ser diferente, que suas vozes poderiam fazer a diferença.

É a resposta dada por jovens e velhos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, americanos nativos, gays, heterossexuais, deficientes e não deficientes. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo de que nunca fomos apenas uma porção de indivíduos ou uma porção de estados vermelhos e estados azuis. Nós somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América.

Essa é a resposta que levou aqueles a quem foi dito por tanto tempo e por tantos para serem cínicos, temerosos e desconfiados sobre o que podemos conseguir a pôr suas mãos no arco da história e curvá-lo uma mais vez no rumo da esperança de um dia melhor.

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Foi uma longa jornada, mas esta noite, pelo que fizemos nesta data e nesta eleição neste momento definidor, a mudança chegou à América.

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E eu não estaria aqui nesta noite sem o apoio incansável de minha melhor amiga nos últimos 16 anos, a rocha de nossa família, o amor de minha vida, a próxima primeira-dama da nação, Michelle Obama.

Sasha e Malia, eu amo vocês mais do que vocês podem imaginar. E vocês ganharam o novo cachorrinho que virá conosco para a nova Casa Branca. E embora ela não esteja mais entre nós, eu sei que minha avó está nos assistindo, junto com a família que me fez ser quem eu sou. Sinto sua falta esta noite. Sei que minha dívida para com eles vai além de qualquer medida.

Para minha irmã Maya, minha irmã Alma, todos os meus outros irmãos e irmãs, muito obrigado por todo apoio que vocês me deram Sou grato a eles.

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Enquanto estamos aqui nesta noite, nós sabemos que há corajosos americanos acordando nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscar suas vidas por nós. Há mães e pais que ficam acordados depois de os filhos terem dormido se perguntando como irão pagar suas hipotecas ou o médico ou poupar o suficiente para pagar a universidade de seus filhos. Há novas energias para explorar, novos empregos para criar, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para reparar.

O caminho será longo. Nossa subida será íngreme. Nós talvez não cheguemos lá em um ano ou mesmo em um mandato. Mas, América, nunca estive mais esperançoso do que chegaremos lá. Eu prometo a vocês que nós, como pessoas, chegaremos lá.

Haverá atrasos e falsos inícios. Muitos não irão concordar com todas as decisões ou políticas que eu vou adotar como presidente. E nós sabemos que o governo não pode resolver todos os problemas. Mas eu sempre serei honesto com vocês sobre os desafios que enfrentar. Eu vou ouvir vocês, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, eu vou pedir que vocês participem do trabalho de refazer esta nação, do jeito que tem sido feito na América há 221 anos — bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada por mão calejada.

O que começamos 21 meses atrás no inverno não pode terminar nesta noite de outono. Esta vitória, isolada, não é a mudança que buscamos. Ela é a única chance para fazermos essa diferença. E isso não vai acontecer se voltarmos ao modo como as coisas eram. Isso não pode ocorrer com vocês, sem um novo espírito de serviço, um novo espírito de sacrifício.

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Então exijamos um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, com o qual cada um de nós irá levantar e trabalhar ainda mais e cuidar não apenas de nós mesmos mas também uns dos outros. Lembremos que, se essa crise financeira nos ensinou uma coisa, foi que não podemos ter uma próspera Wall Street enquanto a Main Street sofre.

Nesse país, nós ascendemos ou caímos como uma nação, como um povo. Resistamos à tentação de voltar ao bipartidarismo, à mesquinhez e à imaturidade que envenenou nossa política por tanto tempo.

Lembremos que foi um homem deste Estado que primeiro carregou a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre valores de autoconfiança, liberdade individual e unidade nacional.

Esses são valores que todos compartilhamos. E enquanto o Partido Democrata obteve uma grande vitória nesta noite, isso ocorre com uma medida de humildade e de determinação para curar as fissuras que têm impedido nosso progresso.

Como (o ex-presidente Abraham) Lincoln (1861–1865) afirmou para uma nação muito mais dividida que a nossa, nós não somos inimigos, e sim amigos. A paixão pode ter se acirrado, mas não pode quebrar nossos laços de afeição. E àqueles americanos cujo apoio eu ainda terei que merecer, eu talvez não tenha ganho seu voto hoje, mas eu ouço suas vozes. E eu preciso de sua ajuda. Eu serei seu presidente também.

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Àqueles que destruiriam o nosso mundo: nós os derrotaremos. Àqueles que buscam paz e segurança: nós os apoiamos. E a todos que questionaram se o farol da América ainda ilumina tanto quanto antes: nesta noite nós provamos uma vez mais que a verdadeira força da nossa nação vem não da bravura das nossas armas ou o tamanho da nossa riqueza mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e inabalável esperança.

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Um homem chegou à Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo foi conectado por nossa ciência e imaginação. Neste ano, nesta eleição, ela tocou o dedo em uma tela e registrou o seu voto porque, após 106 anos na América, através dos melhores e dos mais escuros dos tempos, ela sabe que a América pode mudar. Sim, nós podemos.

América, nós chegamos tão longe. Nós vimos tanto. Mas há tantas coisas mais para serem feitas. Então, nesta noite, devemos nos perguntar: se nossas crianças viverem até o próximo século, se minhas filhas tiverem sorte suficiente para viver tanto quanto Ann Nixon Cooper, quais mudanças elas irão ver? Quanto progresso teremos feito?

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É nossa chance de responder a esse chamado. É o nosso momento.

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Obrigado. Deus os abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América".