O presidente dos EUA, Donald Trump, disse no domingo (24) que vai adiar o aumento de 10% em tarifas de importação sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses, programado para entrar em vigor no sábado (2), a fim de dar mais tempo aos negociadores que tentam chegar a um acordo comercial com Pequim – um sinal significativo de que Trump está ansioso para resolver a disputa comercial com China que sacudiu mercados e empresas em todo o mundo.
Em um tuíte publicano no domingo à noite, Trump disse que os Estados Unidos tinham "feito progressos substanciais nas nossas negociações comerciais com a China em importantes questões estruturais, incluindo proteção de propriedade intelectual, transferência de tecnologia, agricultura, serviços, moeda, e muitas outras questões."
I am pleased to report that the U.S. has made substantial progress in our trade talks with China on important structural issues including intellectual property protection, technology transfer, agriculture, services, currency, and many other issues. As a result of these very......
â Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 24 de fevereiro de 2019
Trump não definiu uma nova data para que o aumento da tarifa entre em vigor. Ele também disse que tem planos de receber o presidente chinês, Xi Jinping, em Mar-a-Lago, sua propriedade Flórida, para finalizar os termos do acordo, se as negociações continuarem a fazer progressos. Essa reunião está prevista para o final do próximo mês.
Semana de negociações
O anúncio de Trump encerrou uma semana turbulenta de conversas entre autoridades americanas e chinesas, que fizeram progresso suficiente para a delegação chinesa estender até o fim de semana sua visita, que deveria terminar na sexta-feira.
Os EUA e China estão em negociações dede o ano ano passado, após os EUA impor tarifas sobre mais de US$ 250 bilhões em produtos chineses e ameaçar elevar as taxas em tudo o que a China vende ao mercado americano – uma medida que teria perturbado significativamente a comércio entre as duas maiores economias do mundo.
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A guerra comercial levou a grandes oscilações do mercado ao longo do ano passado, gerou críticas das indústrias americanas que estavam preocupadas com os danos nas suas cadeias de fornecimento e tem contribuído para a desaceleração do crescimento econômico global, segundo economistas.
Ao mesmo tempo, a postura linha-dura do Trump provocou aplausos dos críticos da China, que vêem o confronto – após anos de tratativas diplomáticas infrutíferas – como a melhor e última chance de evitar que as fraudes comerciais por parte da China a elevem ao posto de nação mais avançada do mundo, lugar hoje ocupado pelos EUA.
Os dois lados não divulgaram muitos detalhes sobre como pode ser o acordo emergente. Sobre a mesa estão as queixas americanas, de longa data, sobre as práticas comerciais chinesas, incluindo a exigência de que as companhias americanas tenham que abrir mão de seus segredos comerciais para fazer negócios na China e o roubo generalizado de tecnologias avançadas por hackers chineses.
Trump também está exigindo que a China tome medidas imediatas para reduzir o desequilíbrio crônico no comércio entre os dois países. No ano passado, os EUA registraram recorde de déficits com a China, que provavelmente chegará a US$ 400 bilhões, uma vez que o Departamento de Comércio publique os números de 2018 no próximo mês.
Notavelmente, o presidente na sexta-feira levantou a possibilidade de incluir nas negociações o destino de duas empresas de telecomunicações chinesas, Huawei e ZTE, as quais as autoridades americanas consideram ameaças à segurança nacional.
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Os comentários do presidente sugerem que os EUA podem negociar acusações criminais contra a Huawei, empresa que o Departamento de Justiça acusa de roubar segredos comerciais americanos, e sua diretora financeira, Meng Wanzhou, a quem os EUA pretende extraditar do Canadá para enfrentar acusações de violação de sanções americanas ao Irã.
Incluir o destino da Huawei e da Meng nas negociações seria extraordinário, porque misturaria uma decisão judicial com negociações comerciais.