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A Casa Branca está batendo de frente com a mídia

Sean Spicer fazendo pronunciamento em briefing na Casa Branca | Susan Walsh
AP
Sean Spicer fazendo pronunciamento em briefing na Casa Branca (Foto: Susan Walsh AP)

Parece claro, neste ponto, que a Casa Branca preferiria não realizar briefings de imprensa semanais. Mas o presidente Trump e seus assessores não querem levar a culpa por encerrar essas atividades. Eles querem que os jornalistas desistam.

A Casa Branca está batendo de frente com a mídia, tornando a situação tão insustentável que os repórteres podem desistir primeiro. Se for bem sucedido, o “Team Trump” alcançará o resultado desejado, evitando assim sua culpa.

A aparente estratégia tem três pontas:

Desligue as câmeras

Oito dos últimos onze briefings foram feitos sem câmeras presentes, incluindo o último de sexta-feira (30). A Casa Branca também proibiu as transmissões de áudio ao vivo dessas sessões.

Isso tem se tornado normal, e péssimo para as televisões. As redes de notícias a cabo inicialmente emitiram gravações de áudio com atraso, com fotos sendo colocadas no lugar da imagem, mas rapidamente desistiram da ideia, pois não agradava o público.

Pare de responder perguntas

Um mês atrás, a Casa Branca disse que iria encaminhar diretamente os advogados privados da Trump todas as questões sobre a investigação especial, dirigida por advogados, sobre uma tentativa de intervenção nas eleições russas. Em outras questões, os porta-vozes da Casa Branca dizem que também não sabem as respostas ou não perguntaram ao presidente.

Durante uma reunião fora da câmera na segunda-feira (26), o secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, disse que o tema da administração da semana seria o "domínio da energia".

"E qual o  significado do ‘domínio da energia’", perguntou um repórter.

"Bem, acho que vamos explicar melhor isso durante a semana", respondeu Spicer. Ele continuou com uma resposta vaga sobre "nossa capacidade de exportar agora" e "nossa capacidade de maximizar nossos recursos naturais e criar empregos". Pressionado para dar mais detalhes, Spicer não entregou nenhum.

"Eu acho que isso significa muita coisa", disse ele. "Quero dizer, apenas a capacidade de ser um exportador nos ajuda de forma econômica, mas obviamente há um aspecto político para isso".

Mesmo sobre o tema que a Casa Branca supostamente queria trazer como principal, Spicer tinha pouca informação para compartilhar.

A Casa Branca parece estar tentando transformar os briefings em eventos de baixo valor que os repórteres deixem de aparecer.

"O secretário de imprensa da Casa Branca está chegando a um ponto em que ele é apenas uma pessoa inútil", disse Jim Acosta da CNN no ar depois de um briefing bastante improdutivo na semana passada. "Se ele não pode sair e responder às perguntas, e eles não querem fazer isso em frente as câmera ou áudios, por que estamos fazendo esses briefings então?" Afirmou.

Mostre a mídia no seu pior

A Casa Branca escolheu dois dias nesta semana para realizar briefings com câmeras ligadas: terça-feira (27), dia seguinte em que três jornalistas da CNN pediram demissão, e quinta-feira (29), o dia em que Trump twittou um ataque sexista à Mika Brzezinski da MSNBC.

Estas não são coincidências.

A repressão e as demissões na CNN criaram uma excelente oportunidade para a Casa Branca rasgar a mídia, e a vice-secretária de imprensa, Sarah Huckabee Sanders, aceitou. Sem evidências, ela acusou a imprensa de fábrica de mentiras e disse que "se a mídia não é confiável para trazer a notícia, então eles são um perigo para a América".

Alguns dias depois, quando aconteceram os tweets de Trump sobre Brzezinski, o circo foi armado, que é como a Casa Branca tem tentado caracterizar briefings, em geral. Perguntas sobre os tweets do presidente dominaram a evento, e alguns repórteres foram visivelmente ofendidos. Isso foi perfeitamente compreensível, mas, a cena ajudou a Casa Branca a mostrar que os jornalistas usam os briefings como uma arquibancada de futebol.

Viu só? Eles não estão interessados em políticas ou americanos trabalhadores. Eles apenas falam sobre si mesmos e fazem as mesmas perguntas repetidamente.

A Casa Branca parece estar tentando levar os jornalistas para a seguinte conclusão: os briefings são ruins, com pouca informação e nos fazem parecer mesquinhos. Vamos parar de ir.

O co-fundador da agencia de notícias Axios, Mike Allen, argumentou na quinta-feira (29) que os repórteres devem fazer exatamente isso.

A estratégia da Casa Branca está funcionando.

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