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Opinião

A desinformação “woke” é mais difusa e poderosa do que a desinformação russa

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Policiais são vistos do lado de fora de um salão de massagens onde ao menos uma pessoa foi baleada e morta em 16 de março de 2021, em Atlanta, Geórgia. (Foto: Elijah Nouvelage/AFP)

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Por que os russos precisam se preocupar em espalhar desinformação quando as fontes norte-americanas fazem um trabalho muito melhor?

Acabamos de sair de uma obsessão norte-americana com a desinformação do Kremlin que durou quatro anos. Supostamente, isso influenciou a eleição presidencial de 2016, “semeou divisões” na sociedade americana e foi responsável pela descoberta do laptop de Hunter Biden durante as eleições de 2020.

As empresas de mídia social foram criticadas por supostamente permitirem que a desinformação russa envenenasse suas redes e a mente norte-americana.

Não havia nada que alguns operadores russos - gastando uma ninharia - não pudessem fazer. O ex-editor-chefe da revista Time e ex-oficial do Departamento de Estado de Obama, Richard Stengel, escreveu um livro chamado Information Wars: How We Lost the Global Battle Against Disinformation and What We Can Do About It [Guerras de informação: Como perdemos a batalha global contra a desinformação e o que podemos fazer a respeito]. De acordo com Stengel, os russos montaram "um ataque sem precedentes contra os próprios alicerces da democracia americana".

Porém, os russos eram amadores. Se eles realmente soubessem o que fazem, espalhariam mentiras sobre as reformas eleitorais aprovadas por um estado americano e tornariam os erros tão difundidos que o presidente dos Estados Unidos casualmente os repetiria, trazendo de modo injustificável memórias de um terrível período de repressão na América, levariam implacavelmente o debate para o aspecto racial, e intimidariam a América corporativa a entrar impensadamente na luta partidária, desacreditando-se com um segmento significativo da população.

Não, os trols russos operando em algum lugar de São Petersburgo não realizaram essa operação de desinformação altamente bem-sucedida contra a lei eleitoral da Geórgia. Mas Stacey Abrams e seus aliados na mídia e na política fizeram.

Se os russos tivessem as habilidades adequadas, espalhariam a falsa história de que um talentoso governador americano extorquiu seus cidadãos ao permitir que uma contribuição de campanha distorcesse a distribuição de vacinas contra Covid-19, suprimindo todos os fatos em contrário e alimentando ainda mais pensamento conspiratório sobre o governador entre seus oponentes políticos.

Os russos não conseguiram isso, mas o 60 Minutes conseguiu. Em uma reportagem no último fim de semana ridiculamente desonesta sobre o governador da Flórida, Ron DeSantis, que usou a rede de supermercados mais popular do estado para aplicar a vacina nos braços dos floridianos.

Se os russos fossem desonestos o suficiente, eles pegariam um terrível tiroteio em massa, ignorariam todas as evidências sobre os motivos do perpetrador a fim de defini-lo como um crime motivado por ódio racial, e então minar a fé na polícia local e no FBI quando eles apresentaram os fatos.

Os russos também não conseguiram fazer isso – mas um verdadeiro exército de comentaristas da mídia e políticos progressistas sim. Eles insistiram contra as evidências disponíveis de que o atirador do spa de Atlanta deve de ter sido movido por ódio aos asiáticos, enquanto senadores democratas discordavam abertamente da declaração do diretor do FBI de que o tiroteio não foi um crime de ódio.

Se os russos tivessem poder ou o know-how, eles soltariam uma história de aplicação da lei americana como uma força de ocupação racista que deveria ser combatida em protestos "amplamente pacíficos" em todo o país, pegando, assim, os policiais pelo contra-pé e criando um espiral de desordem e violência em algumas das cidades mais icônicas dos EUA.

Claro, os russos também não tiveram nada a ver com isso, mas o Black Lives Matter e a grande mídia fizeram todo o trabalho duro e conseguiram ignorar a crescente onda de crime que está desfazendo uma das conquistas norte-americanas mais marcantes nas últimas décadas.

Nada disso é para descartar a influência perniciosa das operações de informação russas e ataques cibernéticos, especialmente no exterior, ou para minimizar a hediondez do regime de Putin.

Mas é irritante ver as mesmas pessoas que propagaram durante anos as besteiras sobre russos minando a fé no sistema americano espalharem – ou pelo menos aceitarem descuidadamente – narrativas progressistas baseadas em mentiras tóxicas sobre os Estados Unidos.

Os russos nunca vão parar de fazer suas campanhas de desinformação contra o Ocidente, que datam da União Soviética. Mas ocasionalmente eles devem ser tentados a retroceder com inveja e admiração por tudo o que os promotores das narrativas "woke" nos EUA foram capazes de realizar sem eles.

Rich Lowry é o editor da National Review.

© 2021 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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