Londres O primeiro-ministro tailandês deposto, Thaksin Shinawatra, e o principal partido da oposição pediram a rápida realização de eleições gerais na Tailândia, onde os líderes golpistas proibiram ontem todas as atividades políticas. Em nota escrita em Londres, dois dias depois de ser deposto em um golpe sem violência, Thaksin pede a todos os partidos que trabalhem pela reconciliação nacional "pelo bem do rei e do país".
A nota não dá indicações de que o bilionário empresário de telecomunicações, vencedor de duas eleições antes de enfrentar um ano inteiro de protestos populares, pretenda voltar a Bangcoc, apesar de um convite nesse sentido dos líderes golpistas. Se voltar, Thaksin terá de enfrentar acusações que já pesavam anteriormente contra ele, como a de fraude eleitoral, e outras que podem surgir.
Investigação
O governo diz que pretende concluir neste mês um inquérito sobre uma suposta sonegação fiscal da família de Thaksin na venda de uma empresa fundada por ele um negócio de 1,9 bilhão de dólares e de suspeitas de corrupção com verbas públicas.
O líder do Partido Democrata, Abhisit Vejjajiva, pediu eleições dentro de seis meses, depois que o comandante do Exército, Sonthi Boonyaratglin, prometeu um primeiro-ministro civil em duas semanas. Segundo Bonthi, haverá um ano de reformas políticas antes das novas eleições.
Os militares prenderam ontem dois ex-ministros. Eles foram alojados na sede do Exército, onde o vice de Thaksin e seu chefe de gabinete estão desde terça-feira. Os golpistas também reforçaram as restrições contra os partidos políticos existentes e proibiram a formação de novas agremiações. Não se sabe quanto tempo essas restrições vão durar. "O Conselho para a Reforma Democrática sob a Monarquia Constitucional determinou que os partidos políticos suspendam todas as reuniões e atividades políticas", disseram. O Partido Democrata prometeu cumprir as ordens. Também foram proibidas reuniões com mais de cinco pessoas e a distribuição de informações críticas ao golpe pela internet e pela tevê.
Os militares dizem que o golpe foi a única solução para o conflito entre o primeiro-ministro e a oposição, que o acusava de agir de forma ditatorial. Mas o movimento militar foi amplamente condenado por governos e grupos de direitos humanos no exterior. Dentro da Tailândia, porém, foi em geral bem recebido, mesmo por seguidores de Thaksin que consideram essa uma forma de evitar distúrbios num país que se orgulha da sua harmonia social.