Berlim – Ao contrário do que se pensa, a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, não representou o fim da República Democrática Alemã (RDA). A Alemanha Oriental (comunista) só deixou de existir quase um ano depois, em 3 de outubro de 1990, após uma histórica votação parlamentar que decidiu pela "incorporação" da RDA pela República Federal da Alemanha (RFA), a "irmã" rica e capitalista. Dos 350 parlamentares do estado socialista, pouco mais de 60 decidiram por um Leste independente. O fim da Alemanha Oriental foi declarado e o processo de reconstrução do Leste – capitaneado pelo Oeste – começou.

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Como se sabe, o processo de reunificação, embora tenha consumido mais de 1,3 trilhão de euros (aproximadamente R$ 3 trilhões), não teve o resultado esperado: hoje, o Leste do país continua a ser muito mais pobre que o Oeste. A ex-Alemanha Oriental sofre com taxas de desemprego de até 25% e tem poucas perspectivas de melhoria econômica, a não ser em centros isolados, como Dresden e Leipzig. Desde 1990, a população do Leste diminuiu em 2 milhões de pessoas – boa parte dos jovens migrou para o oeste em busca de melhores condições de vida.

Insatisfeitos

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A insatisfação dos moradores da antiga área comunista com o governo central é grande. A tendência ficou bem clara durante as últimas eleições alemãs, realizadas em 18 de setembro. O Partido de Esquerda, formado por representantes do regime comunista (o PDS), teve 25% dos votos em muitas cidades do Leste.

No cômputo geral, o partido teve 8% dos votos, ganhando mais de 50 cadeiras no Parlamento alemão (antes não tinha nenhuma). Foi também no Leste que a candidata conservadora Angela Merkel (CDU-CSU) teve seu mais fraco desempenho. Coincidência ou não, a eleição ocorreu dez dias após Merkel, nascida na Alemanha Oriental, ter dito ser a favor da destruição do Palácio do Povo. (FS)