No Grant Park, em Chicago, onde 250 mil pessoas se reuniram para ouvir o discurso da vitória de Obama, a atmosfera estava tomada por uma felicidade generalizada. Fugaz, ilusória, quem sabe, mas boa. Quando Wolf Blitzer, apresentador da CNN, anunciou a tão aguardada notícia – "Barack Obama is the next president of the USA" –, a multidão simplesmente foi à loucura. Foi, não minto, de arrepiar. Quando precisam mandar uma mensagem de união e patriotismo, não há quem bata os americanos. Após a confirmação da vitória, veio o belo discurso de McCain, transmitido pelos telões do parque. E houve aplausos. Alguns até gritavam o seu nome. Vaias só quando Sarah Palin foi mencionada. Pouco depois, Obama tomou o palco. Na multidão, de repente, se fez o silêncio. Apenas olhos e câmeras registrando seu discurso. Aquela sensação de que a história está passando, ali, bem na nossa frente. Naquela noite, fazia 17 graus Celsius em Chicago, uma temperatura absolutamente anormal para o mês de novembro. Pudera... não foi uma noite qualquer.

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O voto negro

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Outro dia, comentei aqui que, no caso de uma derrota de Obama, seria complicado fazer a acusação de que ele só perdeu pelo fato de ser negro – da mesma maneira, poderia se argumentar que ele só ganhou por causa do voto negro.

A projeção é que algo em torno de 97% dos eleitores negros escolheram Obama.

Mas votar em Obama só pelo fato de ele ser um negro é de alguma forma uma manifestação racista? Certamente não, defende o jornalista escocês Alex Massie.

Os negros que votaram em Obama não estavam votando contra McCain porque este é branco. Mas há muita gente que não vota contra um candidato por ele ser negro.

É a diferença entre um argumento positivo e um negativo na hora de votar, diz Massie.

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Algo a se pensar.

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Nader e Jay-Z

Ralph Nader, o candidato independente que em outros tempos ainda recebia votos, teve nestas eleições um desempenho sofrível. Fosse só isso, tudo bem. Mas foi dele um dos comentários mais lamentáveis sobre a vitória de Obama. Em entrevista, disse que o presidente eleito deve decidir se será o "Tio Sam para o povo americano ou o Tio Tom para as grandes corporações". Aqui, Tio Tom (Uncle Tom) é um termo pejorativo, que significa um negro subserviente ao domínio do branco.

O rapper Jay-Z, por outro lado, falou bonito: "Rosa Parks (costureira negra que, em 1955, recusou-se a dar lugar no ônibus a um branco) sentou para que Martin Luther King pudesse andar. Martin Luther King andou para que Obama pudesse correr (run, em inglês, também pode significar concorrer).

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Obama corre para que todos nós possamos voar".