A foto de uma criança venezuelana desnutrida que começou a circular na semana passada mostrou ao mundo uma face cruel do colapso econômico da Venezuela: a fome e a falta de medicamentos.
Anailin Nava tem dois anos de idade e sofre de desnutrição e de uma doença não tratada, que deixaram o seu corpo como o de um bebê. Ela passa o dia deitada na casa precária de sua família.
A imagem sensibilizou muitas pessoas, que pouco podem fazer para ajudar o país a sair da crise humanitária causada pelo regime chavista. Mas no domingo (19), a ajuda começou a chegar.
Fabíola Molero, uma enfermeira venezuelana do grupo católico Caritas, arrumou uma mala com uma balança, suplementos, leite e alimentos suficientes para 15 dias, e pegou carona para ir de Maracaibo, no noroeste da Venezuela, até a Ilha de Toas, onde mora Anailin.
Em entrevista ao jornal americano New York Times, Molero contou que trabalhou como enfermeira em hospitais públicos durante 20 anos, mas pediu demissão três anos atrás e se tornou voluntária da Caritas para combater a fome que devasta o país.
“Eu trabalhava em um hospital e saí porque eu não conseguia lidar com o fato de que crianças estavam morrendo nos meus braços por falta de comida”, disse ela ao NY Times.
O estado de Zulia, onde fica a Ilha de Toas, sofreu bastante o impacto da crise venezuelana, depois que barcos que serviam como transporte público pararam de funcionar por falta de peças e manutenção.
Caixas de alimentos subsidiados pelo governo chegam na região a cada cinco meses, mas são consumidas pelas famílias em uma semana, de acordo com a mãe de Anailin e seus vizinhos.
A enfermeira disse que o caso de Anailin é um dos piores que ela já viu. A sua família não consegue alimentá-la mais do que uma vez ao dia, e a situação é agravada por uma doença neurológica genética que causa convulsões e problemas de digestão. Ela pesa a metade do peso normal de uma criança de sua idade.
A mãe da menina, Maibeli Nava, disse que os médicos receitaram medicamentos que podem tratar a sua doença, mas ela não pode pagar por eles, ou eles estão indisponíveis.
A ajuda levada pela enfermeira fez diferença. Maibeli, que tem 25 anos, disse que a menina teve uma melhora imediata.
“Meu bebê se deteriorou e estava péssima. Eu achava que minha filha ia morrer. Ela nem sequer me dava a mão quando eu tentava brincar com ela”, disse a mãe ao NY Times. “Agora ela está animada”.