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A experiência do último presidente democrata que liderou os Estados Unidos durante um significativo surto de inflação não foi feliz, e se a Casa Branca de Biden não está assombrada por esse precedente, não está prestando atenção.
Indiscutivelmente, a inflação galopante foi decisiva para descarrilar a presidência de Jimmy Carter.
Claro, não estamos nem perto do que ocorreu no final dos anos 1970, quando a inflação atingiu os dois dígitos. Mas os números mais recentes – com os preços subindo 6,2%, o maior aumento anual em mais de 30 anos – são um sonoro alarme para os democratas.
Houve duas crises que o presidente Joe Biden criou ou exacerbou, na fronteira Sul dos Estados Unidos e no Afeganistão, e os últimos números apontam para a possibilidade de uma terceira e ainda mais impactante.
Forças de grande escala estão em jogo no aumento dos preços. Seu programa de políticas públicas tende a piorar o problema, em vez de melhorar, e Biden terá que lidar com isso de qualquer maneira.
Por muito tempo, a resposta da Casa Branca às preocupações com a inflação foi rejeitá-las com arrogância. A Casa Branca zombou do economista Larry Summers quando ele advertiu no início deste ano que o estímulo fiscal numa escala comparável à da época da Segunda Guerra Mundial poderia “desencadear pressões inflacionárias de um tipo que não vimos em uma geração”.
Contrariando Summers, o conselheiro econômico da Casa Branca Jared Bernstein previu em abril que a inflação aumentaria modestamente por vários meses antes de voltar a cair para um nível mais baixo.
Bem, aqui estamos nós, perto do final do ano, com a inflação de fato em seu nível mais alto em uma geração.
Bernstein chamou o aumento dos preços de “transitório”, uma palavra que tem sido usada com tanta frequência por quem duvida da inflação que se tornou uma paródia. John Maynard Keynes disse a famosa frase: “No longo prazo, estaremos todos mortos”, portanto, seguindo o mesmo raciocínio, pode ser que tudo acabe sendo transitório.
O aumento dos preços está sendo impulsionado por um descompasso global entre a demanda e a oferta, à medida que a economia se recupera da pandemia enquanto as interrupções na produção persistem. Ao mesmo tempo, gargalos estão interrompendo a cadeia de suprimentos dos EUA.
A inflação nos EUA tem sido pior do que em outras partes do mundo, e a agenda de Biden claramente não foi projetada com um ambiente inflacionário em mente.
Com os preços da gasolina e do óleo diesel subindo 50% ou mais desde o ano passado, talvez não seja um bom momento para fazer uma campanha contra os produtores de combustíveis fósseis.
Com o país já inundado de dólares federais com as contas de gastos dos últimos 18 meses, talvez não seja uma boa ideia acrescentar novos gastos maciços.
Com a escassez de mão de obra e interrupções no fornecimento que assolam a economia, pode não ser vantajoso continuar a estimular a demanda com pagamentos e subsídios e, ao mesmo tempo, desestimular a oferta, seja tornando mais fácil para as pessoas ficarem fora do mercado de trabalho ou aumentando impostos e endurecendo regulamentações.
Biden está agora redefinindo suas propostas de infraestrutura e Build Back Better como anti-inflacionárias, embora ninguém jamais tenha mencionado isso quando estavam sendo planejadas ou promovidas desde o ano passado.
A melhor aposta de Biden é que suas queixas e pressões sobre os portos e outros pontos ao longo da cadeia de abastecimento podem fazer a diferença, enquanto as empresas resolvem a bagunça ao longo do tempo. Nesse ínterim, a crise energética global pode se resolver à medida que a oferta alcançar a demanda.
Isso provavelmente diminuiria a inflação no próximo ano. O que não vai funcionar é tentar dissuadir as pessoas da realidade diária de preços mais altos.
Não beneficia em nada os trabalhadores quando salários crescentes não acompanham a inflação. De acordo com o Bureau of Labor Statistics, o rendimento médio real por hora caiu 1,2% de outubro de 2020 a outubro de 2021 e 0,5% de setembro a outubro deste ano.
Se os preços continuarem a superar os salários, essa pode ser a melhor métrica para a escala das derrotas dos Democratas no Congresso no próximo ano e o destino final da presidência de Biden.
© 2021 The National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.