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Membros do parlamento irlandês sugeriram nesta quarta-feira (20) ao governo autorizar a eutanásia para pessoas com doenças incuráveis e degenerativas ou que receberam menos de seis meses de vida por algum diagnóstico médico.
O país, considerado um dos mais católicos da Europa, é o mais novo a integrar uma onda crescente de apoio à legalização da morte assistida em toda a região, ao lado da França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Espanha e Portugal.
Um debate semelhante também está acontecendo no Reino Unido, onde um inquérito realizado neste ano concluiu que certas jurisdições como a Escócia, a Ilha de Man e Jersey poderiam legalizar o ato de tirar a própria vida.
No entanto, a discussão pode ser travada na Irlanda em meio à renúncia do primeiro-ministro Leo Varadkar, também nesta quarta-feira, e impasses dentro do comitê interpartidário criado para abordar o tema.
Segundo o jornal Político, o colegiado passou o último ano ouvindo defensores e opositores sobre a questão, mas não conseguiu chegar a um projeto consensual. O presidente do comitê, o parlamentar independente Michael Healy-Rae, não apoiou as conclusões e irá lançar um relatório minoritário com outros membros dissidentes da câmara baixa.
O parlamentar de esquerda Gino Kelly, que propôs pela primeira vez um projeto de lei “Morrer com Dignidade” em 2020, disse ao jornal antes da recomendação do comitê que a morte assistida é um "direito fundamental para pessoas com doenças terminais".
“Acredito que as pessoas, em certas circunstâncias, têm o direito legal de dizer como morrem”, disse ele em janeiro.
A Igreja Católica se manifestou sobre o caso, por meio de um pronunciamento oficial direcionado ao comitê. “A nossa fé cristã, que é partilhada por uma proporção significativa do povo irlandês, ensina-nos que a vida é um dom que mantemos em confiança, cada uma tem seu impacto sobre os outros e não existe vida sem significado ou valor” , diz a nota.
A Igreja disse ainda que se opõe ao “acabamento deliberado da vida humana, tanto por razões de fé como por razões relacionadas com a defesa do bem comum”.