Projeções apontam para uma população predominantemente não-branca nos Estados Unidos nas próximas décadas| Foto: Unsplash

Desde o estabelecimento do primeiro assentamento britânico permanente em continente americano, em 1607, os Estados Unidos têm sido predominantemente branco.

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Mas o percentual de brancos entre a população americana vem caindo: passou de pouco menos de 90% em 1950 para 60% em 2018. O número provavelmente ficará abaixo de 50% nos próximos 25 anos.

Os nacionalistas brancos querem que a América seja branca novamente. Mas isso nunca vai acontecer. A América está a caminho de se tornar predominantemente não-branca.

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Quem é branco?

O governo federal dos Estados Unidos usa duas perguntas para considerar a raça e a etnia de uma pessoa. A primeira é se a pessoa é de origem hispânica e a outra refere-se à raça.

Uma pessoa é definida como branca se ela se identificar como branca e não hispânica. Uma pessoa minoritária, ou não-branca, é qualquer pessoa que não seja apenas branca e não hispânica.

Os brancos não foram os primeiros a se instalarem no que é hoje os EUA. Os primeiros imigrantes eram um povo conhecido hoje como índios americanos e nativos do Alasca, também conhecidos como nativos americanos. Eles chegaram na América do Norte há cerca de 14 mil anos.

Quando Cristóvão Colombo chegou à América em 1492, havia cerca de 10 milhões de índios americanos vivendo nas terras ao norte do México. Mas nos anos 1800 seu número diminuiu para cerca de 1 milhão. Eles são agora o menor grupo étnico nos EUA.

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O primeiro fluxo considerável de imigrantes para o que é hoje os Estados unidos eram brancos da Inglaterra. Sua chegada a Plymouth em 1620 em busca da liberdade religiosa marcou o início de grandes ondas de brancos chegando àquela terra.

Quando os EUA foram estabelecidos como um país, em 1776, os brancos compreendiam cerca de 80% da população. A proporção de brancos subiu para 90% em 1920, onde permaneceu até 1950.

Números em declínio

A proporção da população branca nos EUA começou a declinar em 1950. Caiu gradualmente ao longo dos anos, chegando a pouco mais de 60% em 2018 - o menor percentual já registrado.

Embora a maioria da população americana hoje ainda seja branca, os não-brancos respondem por mais da metade das populações do Havaí, do Distrito de Columbia, Califórnia, Novo México, Texas e Nevada. E, nos próximos 10 a 15 anos, essa meia dúzia de "estados-minoritários" provavelmente será acompanhada por até oito outros estados, onde os brancos compõem atualmente menos de 60% da população.

As projeções do censo mostram que a população será "maioria-minoritária" em algum momento entre 2040 e 2050. Nossa pesquisa sugere que isso acontecerá por volta de 2044. De fato, em 2020, há projeções de que haverá mais crianças não-brancas do que crianças brancas nos EUA.

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A população não branca está crescendo mais rapidamente que a população branca. Minorias representaram 92% do crescimento populacional dos EUA entre 2010 e 2018, com latinos que representam pouco menos da metade do crescimento total do país.

Por trás das tendências

Por que o número de pessoas brancas está diminuindo? A resposta está na demografia básica: nascimentos, mortes e imigração.

As mulheres brancas têm uma média de 1,7 filhos ao longo das suas vidas, enquanto as mulheres latinas têm em média 2,2. As taxas totais de fertilidade de negros, asiáticos e índios americanos estão entre esses dois números. Portanto, os brancos têm menos nascimentos do que todos os grupos não brancos.

Existem também grandes diferenças na estrutura etária: 62% das latinas com 15 anos de idade ou mais estão em idade fértil. Apenas 42% das mulheres brancas se enquadram nesse grupo. Os latinos também têm taxas de mortalidade menores que os brancos. Os demógrafos chamam isso de "paradoxo epidemiológico".

Em 2015, pela primeira vez no país, houve mais mortes do que os nascimentos de brancos. De fato, a partir de 2016, em 26 estados, os brancos estavam morrendo mais rapidamente do que estavam nascendo. Os estados com mais mortes do que nascimentos de brancos incluem Califórnia, Flórida, Pensilvânia e Michigan.

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E quanto à imigração para os EUA? Dos mais de 43 milhões de estrangeiros nascidos nos EUA em 2015, 82% tiveram origem na América Latina e na Ásia. Apenas 11% nasceram na Europa. Portanto, os brancos não aumentam sua proporção nos EUA via imigração.

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O futuro dos brancos no país

O envelhecimento da população branca, juntamente com uma população minoritária mais jovem, especialmente no caso dos latinos, fará com que os Estados Unidos se tornem um país de 'maioria minoritária' em 2044, aproximadamente.

A mudança demográfica nos EUA fez com que muitos brancos proclamassem que estão perdendo seu país e que eles já estão ou logo se tornarão um grupo minoritário.

Em sua pesquisa sobre brancos da classe trabalhadora na área rural de Louisiana, a socióloga Arlie Russell Hochschild observou que muitos brancos se sentem frustrados e traídos, como se agora fossem estranhos em sua própria terra. Em Trump, eles viram um homem branco que os reuniu para reverter isso. Hochschild apontou que em um comício de Trump durante sua campanha à Casa Branca em 2016, pessoas brancas empunhavam cartazes que diziam "Trump: Faça a América grande de novo" e "Maioria silenciosa está com Trump".

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O declínio da participação dos brancos na população poderia resultar na mudança dos limites raciais para para que uma pessoa seja considerada branca, de modo a reforçar os números.

Isso já aconteceu antes. Grupos que inicialmente eram vistos como muito diferentes dos brancos, como irlandeses e italianos, eventualmente foram aceitos como brancos.

Além disso, no censo de 1930, "mexicano" foi usada como uma categoria racial - embora amplamente identificadas como racialmente brancas. Naquele momento a hostilidade contra os mexicanos havia aumentado, devido à sua crescente população e à Grande Depressão.

Mas quaisquer mudanças futuras na classificação não serão mais importantes do que a demografia. Os Estados Unidos nunca mais será um país branco.

*Dudley Poston é professor emérito de sociologia na Texas A&M University.
*Rogelio Sáenz é professor no Departamento de Demografia da Universidade do Texas.

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