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horas de horror

A noite de terror no Bataclan passo a passo

Bataclan lotado para o show da banda dos EUA Eagles of The Death Metal: imagem foi captada pouco antes do ataque | /Reprodução
Bataclan lotado para o show da banda dos EUA Eagles of The Death Metal: imagem foi captada pouco antes do ataque (Foto: /Reprodução)

Os ataques em Paris na sexta-feira, 13 de novembro, deixaram 130 mortos, de acordo com os dados atuais. A ação mais letal da série de atentados coordenados foi na casa de shows Bataclan, onde mais de 80 pessoas morreram.

Uma semana depois, os passos desta terrível noite ficaram mais claros para as autoridades. Confira

Sexta-feira, 21:35

As 1.500 pessoas que assistiam ao show da banda norte-americana Eagles of Death Metal, na casa de espetáculos Bataclan, ainda não tinham ideia dos eventos sinistros que tomavam conta de Paris na noite de sexta-feira, 13 de novembro.

Duas explosões haviam sido feitas nos arredores do estádio Stade de France, onde acontecia um amistoso da seleção francesa. Um pouco mais perto, atiradores abriam fogo em restaurantes.

21h45

A 300 metros do Bataclan, um Polo preto, com placa da Bélgica, estava estacionado há algum tempo na frente de um restaurante. Uma testemunha disse que o carro havia chegado há cerca de duas horas e tinha tido certa dificuldade para estacionar.

Dentro, os homens usavam jaquetas pesadas e pareciam obesos, disse a testemunha. “Estavam com o olhar perdido, pareciam drogados”, completou.

Dentre os ocupantes do carro estavam Samy Amimour, um ex-motorista de uma cidade nos arredores de Paris, e Omar Ismail Mostefai, que tinha passagens pela polícia por pequenos delitos.

Uma outra testemunha disse que achou estranha a cena. Quando soube dos homens-bomba no Stade de France, às 21h30, tentou ligar para a polícia diversas vezes, mas sem sucesso.

21h42

Um dos homens desce do carro e envia uma mensagem de texto de um celular: “Partimos, estamos começando”.

21h49

A banda tocava uma de suas músicas quando um dos atiradores acerta um porteiro e pessoas que estavam fumando na frente da casa de shows. Os homens entram no local e começam a disparar contra o público.

A entrada fica perto do bar, ao fundo do salão. As pessoas que estão nesta área são mortas. As pessoas no salão, no entanto, demoram para perceber que se trata de um ataque. Alguns pensam que o som faz parte da apresentação.

Quando a banda para de tocar e corre para os camarins, as pessoas descobrem que é um ataque e começam a se jogar no chão ou tentar correr para o lado oposto, o palco.

Um áudio divulgado nesta sexta-feira (20) pelo grupo italiano Corriere dá uma dimensão do terror:

21h50

Os homens estão dentro do Bataclan e atirando. Por alguns minutos, as luzes permanecem apagadas. Quando são acesas, a imagem é de terror: pessoas ensanguentadas, caindo, com o olhar de desespero, descrevem as testemunhas.

“Foi um efeito dominó. Todo mundo se deitando, um em cima do outro”, disse uma mulher de 29 anos ao jornal Liberatión.

“Eles estavam atirando indiscriminadamente no meio da multidão. As pessoas estavam gritando. Tinha muito pânico e muito sangue”, definiu Frédéric Nowak ao jornal The Guardian.

22h

As pessoas que estão no piso superior (balcão) tentam correr para os banheiros ou para o telhado. Alguns se penduram nas janelas do lado de fora do Bataclan. Dois dos atiradores sobem até esta área.

Neste momento, eles gritam que estão ali “por causa da Síria e do Iraque” e por conta dos bombardeios de François Hollande, presidente francês, na Síria.

Enquanto eles recarregam as armas, muitos tentam escapar por uma saída lateral. Alguns conseguem e são acolhidos pelos vizinhos do Bataclan.

Ao passo que dois atiradores estão no piso superior, um ainda permanece no salão principal atirando nas pessoas que estão tentando fugir.

As testemunhas relataram que eles atiravam de forma profissional, atingindo principalmente cabeça e tórax.

22h10

Alguns dos que estão no palco conseguem sair pela lateral, passando por trás da cortina do palco. Aos outros, só resta deitar e fingir estarem mortos. Porém, o atirador que está no salão principal chuta as pessoas que estão no chão em busca de qualquer sinal de que ainda estejam vivas. Os sobreviventes são baleados.

O escritor Nicolas Stanzick e sua esposa são duas destas pessoas. Eles permanecerão ali, imóveis, por uma hora e meia. “Estávamos deitados com o rosto contra o chão, no meio da sala. O sapato de um homem que estava na minha frente tocou meu rosto. De repente, uma bala o atingiu. Ficamos com os mortos. Valerie, minha esposa, me disse: ‘Nós vamos morrer’. Eu respondi: ’Fique quieta, vamos sobreviver. Por favor não se levante’. Demos as mãos e pensamos em Joseph, nosso filho. Isso nos impediu de entrar em pânico”, relatou à France 2 TV.

22h15

A polícia chega ao local e mata um dos atiradores. Os outros dois, que estão no andar superior, continuam vivos. Eles fazem cerca de 20 reféns. As pessoas são obrigadas a vigiar o espaço para os terroristas. Alguns precisam ficar nas janelas e alertá-los de qualquer policial ou atirador à espreita.

Um dos reféns é obrigado a queimar notas para provar que dinheiro não é importante.

23h30

Equipe de elite da polícia entra no prédio para evacuar sobreviventes no salão inferior. Um comandante da polícia disse à NBC que o lugar “parecia o inferno na Terra”.

Uma unidade policial sobe as escadas e encontra os atiradores em uma pequena sala no fundo de um corredor. Eles fazem cerca de 20 reféns de “escudo-humano”. Um dos terroristas grita o número do telefone de um destes reféns para a polícia. Durante os próximos 50 minutos, polícia e terroristas negociam via quatro ligações.

Os jihadistas pedem para que a polícia saia do prédio. “Eles não queriam negociar. Queriam apenas fazer um ato final”, disse o comandante, identificado apenas como Jeremy.

00h20 de sábado

A polícia recebe a ordem de atacar os terroristas. Imediatamente, arrombam a porta da sala e trocam tiros por cerca de três minutos. Um dos agressores se explode; o outro é morto ao tentar fazer a mesma coisa.

00h30

Sobreviventes começam a ser retirados do Bataclan e aconselhados ao não olhar para as pilhas de corpos espalhadas pelo local. Mais de 80 pessoas morreram na ação.

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