Hugo Chávez, presidente da Venezuela, é a expressão máxima da nova safra socialista na América Latina. A proposta do "socialismo do século 21" está colocando de cabelo em pé a elite venezuelana, que discorda de boa parte dos pilares do projeto que Chávez está implantando.

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O sinal verde para o país seguir rumo "ao socialismo do século 21" foi a aprovação da Lei Habilitante, no último 31 de janeiro, em que a Assembléia Nacional autoriza o presidente a emitir decretos-leis. Com isso, Chávez obteve carta branca para colocar em prática o que diz o "manual" da proposta do novo socialismo, disponível no site oficial do governo venezuelano (www.venezuela.gov.ve).

Chávez já deu um pontapé inicial em pelo menos dois deles: a recuperação da propriedade dos meios estratégicos de produção, principalmente do setor petrolífero. No fim de fevereiro, ele anunciou que o Estado terá controle acionário até 1.º de maio em projetos administrados pelas empresas British Petroleum (BP), Chevron, Conoco Philips, Exxon Mobil, Statoil e Total. Outro passo polêmico na proposta chavista é a educação com valores socialistas, que tem gerado mal-estar com a oposição.

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A meta mais complexa, que está projetada a longo prazo, é a nova geometria de poder (distribuição do poder político, econômico, social e militar), incluindo a transformação dos estados em territórios federais.

No entanto, o projeto socialista chavista não tem o apoio da maioria da população. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Instituto Hinterlaces, divulgada na semana passada, em que 45% dos entrevistados discordam da proposta de socialismo de Chávez. Cerca 33% concordam com o projeto, enquanto 22% não sabem ou não responderam. No entanto, muitos venezuelanos confundem a idéia de socialismo com os atuais programas sociais que Chávez mantém no país.

Um maciço grupo de 86% não aprova "as expropiações de empresas privadas", e 63% não apóiam as nacionalizações de empresas privadas de serviços públicos. Quanto à reeleição indefinida, 61% são contra e 23% a favor.

Quase 80% dos 900 entrevistados se mostraram contrários à "confrontação violenta e grosseira com os Estados Unidos."

Para Luciana Worms, professora de Geopolítica do Curso Positivo, Chávez atualiza o discurso de Simón Bolívar, mas acaba por fazer "marketing" em sua política de nacionalização. "Cria-se uma falsa ilusão ao se estatizar a economia. É uma política centralizadora e não socialista – um meio para justificar a ditadura que o país está vivendo."

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Circunstância

A nova onda socialista na América Latina se revela principalmente em políticas econômicas, em cenário de pouco de desenvolvimento e miserabilidade, diz Sabrina Medeiros, professora de História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "O risco desse modelo político é que as fragilidades de governo possam levar a regimes mais rígidos."

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