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O ditador Nicolás Maduro disse nesta terça-feira (30) à ONU que a violência desencadeada nas últimas horas no país em manifestações contra os resultados das eleições não são protestos pacíficos, mas parte de um "golpe de Estado" contra ele.
O sucessor de Hugo Chávez, no poder há 11 anos, respondeu ao alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, que denunciou o “uso desproporcional da força” durante a repressão das manifestações pelas forças de segurança venezuelanas e por indivíduos que apoiam o governo chavista.
"Türk faz parte das peças que o sistema imperialista coloca em posições-chave na ONU para realizar o trabalho. Por um lado, ele vira as costas e não vê o massacre em Gaza, mas, por outro lado, mira a Venezuela para apoiar um golpe fascista e terrorista”, declarou Maduro durante reunião com as mais altas autoridades do país.
Depois de cobrar que os autores de abusos sejam punidos, o alto comissário da ONU pediu às autoridades venezuelanas que respeitem os direitos dos cidadãos de se reunirem, protestarem pacificamente e expressarem opiniões livremente e sem medo.
Maduro questionou o representante da ONU se “queimar o estabelecimento de alguém” ou “matar pessoas na rua” eram protestos, acusando sem provas os líderes da principal coalizão opositora, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), de cometer esses atos criminosos.
O chavista também afirmou que seu regime “tomará todas as medidas possíveis para proteger o povo, restabelecer a paz, capturar os conspiradores, garantir que haja justiça na Venezuela e seja restabelecida a normalidade”.
A PUD afirmou na segunda-feira (29) que seu candidato, Edmundo González Urrutia, venceu as eleições presidenciais por ampla margem, ao contrário do que foi anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou Maduro vencedor.
A oposição disse que teve acesso a atas de votação que mostraram o resultado omitido pelas autoridades eleitorais, aliadas do chavismo.
A última noite foi marcada por novos episódios de violência nas ruas da Venezuela, com usuários das redes sociais registrando confrontos armados em Petare, maior bairro popular de Caracas.
Moradores relataram que a situação se tornou ainda mais crítica quando forças policiais e veículos blindados entraram na área para reprimir os que protestavam contra os indícios de fraude eleitoral.
Alguns internautas compartilharam vídeos que pareciam ser de coletivos chavistas, conhecidos como "forças de choque do regime", ameaçando críticos do regime.
Um novo balanço divulgado por ongs e pela própria ditadura apontam que o número de mortos nos protestos contra o anúncio da vitória de Nicolás Maduro nas eleições subiu para 12.
Até esta terça-feira (30), o Foro Penal, Justicia, Encuentro y Perdón (JEP), Provea e Laboratorio da Paz informaram em uma entrevista coletiva que esse número tinha chegado a 11 pessoas.