O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump| Foto: AFP
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Em uma coluna na semana passada, fiz uma lista - uma lista de desejos. Eu ansiava por algumas redescobertas republicanas, numa era pós-Trump. Como o quê? Por exemplo:

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Responsabilidade fiscal. Responsabilidade pessoal. A necessidade de reforma de direitos. Os benefícios do comércio internacional. A necessidade de alianças democráticas. A importância da liderança dos EUA no mundo. Realismo sobre o Kremlin. Desaprovação de ditadores. A importância crucial do caráter no cargo. Virtude em geral.

Eu gostaria de trazer uma de espécie excêntrica: masculinidade ou hombridade. Uma sólida compreensão da masculinidade. Nos últimos anos, as pessoas de direita tiveram algumas ideias malucas de masculinidade, equiparando-as à beligerância e à vulgaridade.

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É incrível como a discussão política pode rapidamente se tornar sexualizada. Expresse sua desaprovação a Donald Trump e o trumpismo, e você receberá "Tenha culhões!" etc. Muitos de nós podem testemunhar sobre isso.

Eu disse no início deste ano que a política de direita parece às vezes uma rodada interminável de "Quién es más macho?" (uma esquete que o Saturday Night Live tinha, eras atrás).

No início da administração Trump, uma personalidade importante da direita disse: “Os machos alfa estão de volta”. Outras pessoas são chamadas de “beta”. Donald Trump é um homem de verdade, vê – um "alfa". John McCain, Mitt Romney e outros são homens femininos ou “betas”.

Com relação ao debate sobre a vice-presidência deste ano, outra personalidade importante da direita tuitou o seguinte: "Vamos apenas dizer... As mulheres suburbanas entendem que Pence sabe como ajeitar cachimbo." OK. Não tenho certeza de que foi feito uma pesquisa sobre isso (por assim dizer).

Em um editorial pós-eleitoral, o Instituto Claremont disse que “todas as irmãzinhas fracas da direita devem ser retiradas”.

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De acordo com o presidente Trump, usar máscara é "politicamente correto". Ele disse isso repetidamente. Trump reflete o que chamo de “machismo do coronavírus”. Jair Bolsonaro também, seu homólogo no Brasil.

No início da pandemia, Bolsonaro disse: “O brasileiro precisa ser estudado. Ele não pega nada. Você vê um cara pulando no esgoto, mergulhando, certo? Nada acontece com ele.”

Os próprios brasileiros podem discordar.

Nos últimos dias, Bolsonaro disse: “Sinto muito pelas mortes”, referindo-se às mortes de Covid-19, mas “todos nós vamos morrer algum dia”. E “temos que deixar de ser um país de maricas”.

Legal? Durão? Viril? Bem, depende do seu ponto de vista.

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Em 2006, Harvey Mansfield publicou um livro extraordinário, Manliness [Masculinidade]. Mansfield é um cientista político de Harvard, um dos conservadores mais destacados de nosso tempo. Sua ideia de masculinidade está muito longe de Trump e Bolsonaro.

Ambos os homens têm legiões – dezenas de milhões – de fãs, obviamente. Na semana passada, outra personalidade importante à direita tuitou: “Cara, o Bolsonaro é fo**”. Seguido por “*Pesquise no Google como imigrar para o Brasil*.”

Mas não são apenas os homens que exibem o machismo do coronavírus. Você conhece Marjorie Taylor Greene, a nova congressista da Geórgia?:

Nossa primeira sessão de Orientação de Novos Membros foi sobre a Covid-19 no Congresso. Máscaras, máscaras, máscaras… Eu orgulhosamente disse à minha turma de calouros que as máscaras são opressivas.

Na Geórgia, fazemos ginástica, fazemos compras, vamos a restaurantes, vamos trabalhar e estudar sem máscaras. Meu corpo, minha escolha. #FreeYourFace

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Você chamaria isso de conservadorismo? “Qonservatismo”? (A Sra. Greene é uma de nossas representantes políticas favoráveis ao Q.) "Era uma vez...", uma marca registrada do conservadorismo americano era a consideração pelos outros – e tal consideração é especialmente crítica em uma pandemia.

Bill Buckley [fundador da National Review] pregou a consideração e exemplificou isso. Ele escorregava de vez em quando – como todos nós – mas era muito bom. Os tipos brutos de sua época o desprezavam, é claro: entre suas palavras estavam "decadente", "elitista" e "cosmopolita". (Houve ainda piores).

Mas ele era um homem a ser admirado, assim como seu amigo Ronald Reagan e muitos outros.

Sim, na minha lista de desejos para a direita pós-Trump está uma redescoberta da masculinidade: o tipo legítimo, não a distorção.

Jay Nordlinger é editor sênior da National Review e pesquisador do National Review Institute.

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©2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.