| Foto: Daniel Sorrentino

Usar a economia criativa para induzir o desenvolvimento social de alguns bairros e trabalhar o planejamento urbano a longo prazo é um dos projetos em andamento em Buenos Aires, na Argentina. Apesar de o país viver um momento complexo na política e na economia, a cidade apostou as fichas na criatividade e no design como instrumentos de transformação social.

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Economia criativa gera emprego e renda em Curitiba

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“A discussão geral da economia criativa e empreendedora faz parte do planejamento da cidade e combina desenvolvimento econômico, urbano e social para os distritos”, explica Enrique Avogadro, subsecretário de economia criativa de Buenos Aires e encarregado pelo Centro Metropolitano de Design. Avogadro esteve em Curitiba para participar da Semana D, festival de design que foi realizado no início de novembro. Ele conversou com a Gazeta do Povo sobre o planejamento e o cenário político na cidade, às vésperas da primeira decisão de uma eleição presidencial no segundo turno.

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Chamamos de distritos criativos e a ideia é aproveitar a economia criativa para mudar os bairros menos desenvolvidos da cidade. Temos quatro distritos: tecnológico, audiovisual, de design e das artes. A política, em geral, é de como a economia criativa produz o desenvolvimento econômico e como é que podemos, através disso, pensar a cidade para os próximos 50 anos. É interessante porque a ferramenta principal é a isenção de impostos locais, temos muitas empresas vindo, mas também temos os cidadãos se envolvendo nesse projeto.

Buenos Aires tem um projeto para induzir o desenvolvimento de distritos da cidade por meio da economia criativa. Como isso funciona?

Chamamos de distritos criativos e a ideia é aproveitar a economia criativa para mudar os bairros menos desenvolvidos da cidade. Temos quatro distritos: tecnológico, audiovisual, de design e das artes. A política, em geral, é de como a economia criativa produz o desenvolvimento econômico e como é que podemos, através disso, pensar a cidade para os próximos 50 anos. É interessante porque a ferramenta principal é a isenção de impostos locais. Temos muitas empresas vindo, mas também temos os cidadãos se envolvendo nesse projeto.

Como foi determinada a vocação de cada um desses distritos?

Foi uma projeção econômica que fizemos. Selecionamos setores que já tem uma força na nossa economia. O objetivo é aproveitar o que você já tem, trabalhar com esses setores criativos para gerar planejamento a longo prazo e também tentar desenvolver as áreas que ainda não têm isso. Por isso, fomos ao sul da cidade, que é menos desenvolvido que o restante. Não vai ter um resultado imediato: essa é a nossa política principal e está começando agora, mas já temos algumas coisas bem sucedidas.

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No distrito tecnológico, há sete anos não tínhamos empresas de tecnologia e agora temos mais de 250. A sede principal da prefeitura mudou, deixou a Praça de Maio, que é o centro da cidade e foi para o sul da cidade, o que é uma grande transformação para o bairro. Você já pode ver em concreto o que está acontecendo lá.

O projeto de Buenos Aires envolve os criativos e a comunidade. Como é essa integração?

Os criativos, na Argentina, são muito inovadores, mas não são fortes em gestão. Trabalhamos muito para que eles incorporem gestão, para terem realmente um negócio que seja sustentável. Mas também trabalhamos no que chamamos a base da pirâmide, o empreendimento social, fazendo algo para eles que tenha a ver com economia criativa. A gente acha que a economia criativa é transversal para todos os setores sociais, não é só para a classe criativa. Qualquer um pode aproveitar a economia criativa porque é uma economia que está baseada nos conhecimentos, é uma economia que tem o talento como insumo principal.

A economia criativa influencia o planejamento urbano da cidade?

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A discussão geral da economia criativa e empreendedora faz parte do planejamento da cidade e combina desenvolvimento econômico, urbano e social para os distritos. Agora, estamos num processo de troca do prefeito e ele já tem projetos ambiciosos para dar continuidade ao que aconteceu nos últimos oito anos, mas também projetam a cidade para o futuro. Um deles está transformando os grandes parques da cidade para o que chamamos de campos urbanos. A ideia é abrir os parques para a tecnologia, para que sejam espaços de coworking, com wi-fi, com muitas atividades no mesmo espaço. Por outro lado, há o projeto de desenvolvimento do sul da cidade, que é a área mais pobre. Em 2017, a cidade de Buenos Aires vai receber os jogos olímpicos da juventude e a ideia é levá-los para o sul da cidade, onde temos as favelas, e induzir o desenvolvimento.

Qual é o impacto do cenário político nacional da Argentina em Buenos Aires?

A cidade não é uma ilha. A maioria dos problemas estão no que chamamos de grande Buenos Aires, que não faz parte da cidade formal, mas é a cidade real, que é a faixa que a rodeia, onde você tem os grandes problemas sociais, da pobreza, desigualdade, falta de infraestrutura de educação e de saúde.

Se você não tem um governo nacional e na província de Buenos Aires, que é o que rodeia a cidade, que realmente queira

trabalhar junto, é impossível de solucionar problemas de energia, de água, de transporte. Buenos Aires, nesses últimos oito anos, teve uma verdadeira revolução, em termos de transporte público, com o BRT, bicicletas públicas e muitos projetos que transformaram a cidade. Então, agora, com a mudança que teremos no final do ano, temos a oportunidade de trabalhar juntos a nação, a província e a cidade de Buenos Aires. E não importa quem é o presidente, o que importa é a vontade que ele ou ela tenha de trabalhar junto. Infelizmente, o kirchnerismo nunca teve essa vontade, o que foi ruim para a cidade e cidadãos de Buenos Aires, mas também para os cidadãos do país, porque se você não consegue trabalhar junto, tudo falha.

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A cidade, nesses últimos oito anos, teve uma verdadeira revolução, em termos de transporte público, com o BRT, bicicletas públicas e muitos projetos que transformaram Buenos Aires. Então, agora, temos a oportunidade de trabalhar juntos a nação, a província e a cidade .

É a primeira vez que uma eleição presidencial na Argentina vai para o segundo turno. Qual a expectativa?

Na verdade, é muito difícil. Há um desespero após doze anos no poder. Eu acho que sempre é melhor ter mudança no governo, incluindo o meu próprio governo. A mudança permite novos ares e, se você fica muito tempo no poder, aparece a corrupção e esse é o grande problema do kirchnerismo. Eles já confundem a ideia do governo com a ideia do estado e pensam que o estado são eles. Por isso estão apelando para uma campanha muito suja. Eu acho que os cidadãos pensam na ideia da mudança. Não somos antikirchneristas, mas somos a favor do país. Para o futuro, precisamos trabalhar juntos. É impossível construir alguma coisa se desde o começo você está deixando um grupo fora.