A movimentação das tropas russas no território ucraniano, nesta quinta-feira (31), indica que Moscou não está diminuindo a ofensiva sobre as cidades de Kiev e Chernigov, como havia anunciado após o avanço das negociações em Istambul. Segundo o serviço de inteligência da OTAN, “as unidades russas não estão se retirando, mas sim se reposicionando” na região.
"A Rússia mentiu repetidamente sobre suas intenções, assim como só podemos julgar a Rússia por suas ações, não por suas palavras", declarou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, nesta quinta-feira.
O norueguês afirmou que Moscou "está tentando reagrupar, reabastecer e reforçar a ofensiva na região do Donbass”, de acordo com a inteligência da Aliança. “Ao mesmo tempo, a Rússia mantém pressão sobre Kiev e outras cidades, assim, podemos esperar ações ofensivas adicionais, que gerarão, inclusive, mais sofrimento. A Rússia deve terminar essa guerra sem sentido, retirar as tropas e se envolver em conversações de boa fé", defendeu.
Na quarta-feira (30), o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, havia prometido diminuir a pressão ofensiva sobre Kiev e Chernigov, após o avanço nas negociações entre os dois países.
Segundo ele, estava programado “um reagrupamento de tropas” em torno das duas cidades, por considerar que os principais objetivos da campanha iniciada em 24 de fevereiro haviam sido cumpridos.
De acordo com Konashenkov, durante a primeira etapa do conflito, o objetivo era forçar a Ucrânia “a concentrar suas forças, recursos e equipamentos na defesa das grandes cidades", o que incluía a capital, tirando a atenção do “principal alvo de nossas Forças Armadas, o Donbass".
No mesmo dia, no entanto, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, denunciou uma "concentração de tropas russas" para lançar novos ataques no Donbass, e disse não acreditar "em ninguém", ao mencionar a promessa de retirada de tropas invasoras de Kiev e Chernigov.
"Sobre a suposta redução da atividade dos ocupantes nessas frentes, sabemos que isso não é um desvio, mas as consequências do exílio. Consequências do trabalho de nossos defensores. Mas também vemos que ao mesmo tempo há um reforço de tropas russas para novos ataques no Donbas. E estamos nos preparando para isso", afirmou Zelensky.
O presidente ucraniano acrescentou que as negociações em curso "ainda são palavras” e que prefere não acreditar “em nenhuma construção verbal bonita. Há uma situação real no campo de batalha. E agora isso é o mais importante. Não vamos dar nada de presente. E vamos lutar por cada metro da nossa terra".
No cenário internacional, o clima também é de ceticismo acerca das disposições do Kremlin de pôr um fim à guerra. O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, afirmou que "não houve progresso em nenhum assunto" nas negociações entre Moscou e Kiev.
"Acredito em ações, não em palavras. Se o presidente Putin determinar amanhã de manhã que se desista do cerco de Mariupol, que permita a entrada de ajuda humanitária e permita que a população civil circule livremente. Aí então direi: 'Sim, há progresso'", declarou em entrevista à emissora France 24.
Mercenários
Os Estados Unidos também informaram, na quarta, que há "indícios" de que a Rússia esteja recrutando "cerca de mil mercenários" na Síria e em países do Norte da África, como a Líbia, para que sejam enviados ao leste da Ucrânia. O objetivo é intensificar a ofensiva na região do Donbas, considerada prioritária pelo Kremlin.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse em entrevista coletiva que há sinais de que a Rússia procura essas pessoas através do chamado "Grupo Wagner", uma empresa de segurança privada que emprega mercenários e forças paramilitares especiais chechenas, apoiada pelo governo russo.
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