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“A luta é aqui; preciso de munição, não de carona.”
Esta frase do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para Washington, em resposta à oferta da administração Biden para tirá-lo de lá, irá ressoar como uma das mais icônicas do século XXI.
Zelensky, preparado para o pior em Kiev durante os tempos mais duros, lembra não só ao país dele, mas ao resto do mundo, como é a coragem destemida, a liderança firme e a autêntica virilidade.
O que está acontecendo durante a invasão russa da Ucrânia é trágico e desolador. Ainda assim, Zelensky está testemunhando o que significa ser homem, determinar um limite e lutar pelo que é seu.
As reações do público fora da Ucrânia às palavras e à imagem de Zelensky televisionadas foram de choque e a admiração, ao menos em alguns aspectos. E não é nenhuma surpresa.
Os Estados Unidos, bem como o resto do mundo, parecem simplesmente chocados ao verem um homem agir como homem.
Sim, vimos exemplos marcantes de liderança masculina no passado. O apelo do primeiro ministro britânico Winston Churchill, “Render-se [aos nazistas], jamais!”, bem como a exigência do presidente Ronald Reagan à contraparte soviética “Derrubem este muro!”, vivem nos livros de história como exemplos icônicos de liderança viril.
Mas a resistência de Zelensky foi, possivelmente, a primeira vez em que a atual geração viu um líder mundial, que também é do sexo masculino, aderir ao que é ser um homem, dizer não ao inimigo e lutar – literalmente.
Não usar a retórica para tergiversar, nem ir embora, nem escapar de uma situação angustiante, nem se esconder atrás de desculpas.
Em vez disso, a resistência oferecida pelo presidente ucraniano ao presidente russo Vladimir Putin e ao seu vasto exército é uma prova de autênticas virilidade e liderança. Os homens lutam pelo que é seu, não se evadem da maneira mais fácil e estão preparados para dar a própria vida – se for o que a luta exige.
A maior parte do mundo não esperava isso de Zelensky, 44 anos, um ex-comediante, ator e empresário eleito em 2019 para liderar a Ucrânia.
A sociedade se esqueceu de como é uma liderança viril autêntica porque isso está em grande falta. A reação predominante de choque e profundo respeito por Zelensky mostra a realidade de que muito do mundo moderno simplesmente não entendeu a autêntica liderança viril.
Talvez isso se deva em parte à epidemia da retórica contra a “masculinidade tóxica”, a noção de que padrões culturais masculinos são danosos aos homens, mulheres e sociedade como um todo. Tais mentiras sem dúvida tiveram efeito negativo sobre o entendimento da virilidade pelos homens e sobre o seu desejo de simplesmente embarcar nessa virilidade.
A masculinidade não é tóxica. Qualquer pessoa, homem ou mulher, que abusa do seu poder e influência pode ser tóxica. Mas os homens, inerentemente, não são tóxicos, e a masculinidade autêntica decerto não é.
Os homens foram criados, tanto psicológica quanto biologicamente, para ficarem firmes no desfiladeiro, confrontarem o perigo, lutarem, perseverarem nas circunstâncias mais desafiadoras e dar a própria vida caso a missão exija.
Sua estrutura física é mais forte que a das mulheres. Trata-se de biologia.
Talvez a autêntica liderança masculina exibida diariamente por Zelensky seja melhor descrita por um parágrafo no romance Gates of Fire [Portões de Fogo], de Steven Pressfield, que é sobre a batalha de Termópilas, na qual um pequeno número de espartanos e aliados enfrentou as hordas do Império da Pérsia:
“Um rei não fica dentro de sua tenda quando seus homens sangram e morrem sobre o campo. Um rei não janta quando seus homens passam fome, nem dorme quando ficam de vigília sobre as muralhas. Um rei não torna seus homens leais pelo medo, nem compra sua lealdade com dinheiro: ganha seu amor com o suor das próprias costas e com as dores de que padece por sua causa. É nisto que consiste o fardo mais duro: um rei se levanta primeiro e se deita por último. Um rei não pede o serviço daqueles que lidera; em vez disso, presta-lhes o serviço. Ele serve aos seus homens, não os homens a ele.”
Volodymyr Zelensky é um dos primeiros homens a mostrar essa liderança e resolução desapegadas.
Que não seja o último.
Rachel del Guidice é diretora de comunicações do deputado Mark Green, um republicano que representa o 7º Distrito Congressional do Tennessee.