Há um ano, militares de Honduras retiraram o presidente de sua casa de madrugada na ponta do fuzil, uma cena que muitos achavam que Já não se veria mais na América Latina.
Os partidários do golpe contra o presidente Manuel Zelaya resistiram a pressões internacionais para restituí-lo ao poder e realizaram eleições. Mas o governo nascido do pleito continua frágil e não conseguiu ainda curar as feridas criadas pelo golpe.
O presidente Porfírio Lobo tem tentado sem sucesso aproximar os políticos, empresários e militares que apoiaram o golpe com os grupos esquerdistas partidários de Zelaya.
Os "zelayistas" sequer o reconhecem como presidente enquanto seu líder está exilado na República Dominicana. E os setores conservadores o olham com desconfiança por fazer concessões aos zelayistas, como apoiar a instauração da Frente Nacional de Resistência Popular como partido político.
Tentando ser conciliador, Lobo já se ofereceu a ir buscar Zelaya pessoalmente e assim garantir que enfrente em liberdade seu julgamento por traição à pátria, abuso de autoridade e desvio de verbas, entre outras acusações.
Zelaya se nega e diz que quem quer julgá-lo participou no golpe, que ocorreu no mesmo dia que ele planejava fazer um plebiscito, que segundo seus críticos, prepararia o caminho para sua reeleição presidencial.
Apoiado pelos Estados Unidos, Lobo conseguiu acabar com o isolamento de Honduras e recuperar a ajuda financeira internacional, vital para a economia que ficou destroçada depois da crise política.
A sombra do golpe
Contudo, o país continua suspenso da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a maioria dos países sul-americanos não reconhece o governo eleito.
Os países da União das Nações Sul-Americanas (Unasur) - Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colombia, Guiana, Equador, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela - impuseram a condição de que Zelaya volte ao país sem ter de enfrentar a Justiça para que eles reconheçam Lobo como o presidente.
"Sabemos muito bem quem são eles e tenho todas as informações. Querem pegar o presidente da República," disse Lobo, pouco antes de ir para a África do Sul para acompanhar o mundial de futebol.
Analistas e diplomatas, contudo, acreditam que não há possibilidade de um novo golpe em Honduras.
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