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Terrorismo

A vingança do Taleban

Na entrada do hospital em Peshawar, paramédicos paquistaneses atendem os feridos nas duas explosões ocorridas ontem | Hasham Ahmed/AFP
Na entrada do hospital em Peshawar, paramédicos paquistaneses atendem os feridos nas duas explosões ocorridas ontem (Foto: Hasham Ahmed/AFP)

O Taleban do Paquistão reivindicou a autoria de um duplo atentado que matou pelo menos 80 pessoas na região tribal do país on­­tem, e disse que foi o primeiro de vários atos de vingança pela morte de Osama bin Laden em um ata­­que americano na cidade pa­­quis­­tanesa de Abbottabad no dia 2.

As forças de segurança paquistanesas, contudo, não têm tanta certeza sobre a ameaça. "Pode ter sido alguma ação do grupo militante de Omar Khalid, que nos ataca com frequência", disse por telefone Akbar Hoti.

Ele é um dos comandantes do Corpo de Fronteira em Charsadda, cidade na área tribal próxima a Peshawar, noroeste paquistanês. O alvo do ataque de ontem cedo eram jovens recrutas da unidade paramilitar que entravam em vans para uma licença de dez dias em casa. "Foi horrível. Primeiro houve uma explosão menor, de­­pois uma grande", disse Hoti. Foi o ataque mais violento no país desde no­­vembro. Houve 115 feridos, muitos em estado grave, e te­­vês falavam que os mortos poderiam ser mais de 90.

Segundo relatos da imprensa local, a primeira explosão foi cometida por um suicida em uma moto. A segunda, por uma bomba escondida nas proximidades.

À agência France Presse, um porta-voz do Taleban local disse que "essa foi a primeira vingança pelo martírio de Osama, espere por maiores ataques no Paquistão e no Afeganistão’’.

A dúvida do comandante Hoti faz sentido. A região vive uma guerra de baixa intensidade há anos, e o porta-voz do Taleban pode apenas ter aproveitado a confusão para fazer valer a ameaça de que haveria vingança pela morte de Osama.

O Taleban paquistanês não tem relação original com seu ho­­mônimo mais famoso, que governou o Afeganistão entre 1996 e 2001, tendo sido derrubado pelos EUA após dar guarida a Bin Laden durante a execução do 11 de Se­­tembro. Foi formado em 2007 com a união de uma dúzia de grupos extremistas das áreas tribais pa­­quistanesas, uma região em que o governo tem pouca penetração e as regras seguem códigos tradicionais.

Começou uma campanha contra alvos paquistaneses e ocidentais – no que se diferencia dos afegãos, que são vistos como aliados do Paquistão. Matou cerca de 4.000 pessoas desde então, entre as 30 mil que o Paquistão diz te­­rem sido perdidas no país como efeito da antiga "guerra ao terror".

Ontem, cinco suspeitos de terrorismo foram mortos por um ataque de avião-robô, na área tribal de Datta Khel.

De todo modo, a segurança foi reforçada na capital, Islamabad. Guardas de trânsito ganharam a companhia de homens armados da elite do Exército, os Rangers.

Na famosa Mesquita Verme­­lha, palco de um sangrento cerco a extremistas em 2007, a polícia dispersou manifestação pró-Osama.

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