Sangue de um soldado israelense ferido num ataque com faca em uma estação de trem de Tel Aviv — mais tarde a polícia prendeu o suspeito do crime, o palestino Nour Ab Hashye| Foto: Oliver Weiken/Efe

Palestinos lembram o legado de Yasser Arafat, morto há dez anos

Dez anos depois da morte de Yasser Arafat, muitos moradores de Gaza sentem falta da atitude e do carisma do antigo líder, que formou uma unidade palestina que seu sucessor, Mahmoud Abbas, não conseguiu conservar.

"A causa palestina recebeu uma influência negativa após a morte de Arafat, e Israel acha que pode expandir os assentamentos livremente e adiar a assinatura de um acordo de paz permanente que ponha fim à ocupação", afirmou Hilal Jaradat, um ex-presidiário de 35 anos residente em Gaza após ser expulso de Yenin, sua cidade natal.

"Com a morte de Arafat, os palestinos perderam a unidade real. A pior consequência de sua morte é a atual divisão interna e a ruptura entre Fatah e Hamas", disse. Quase três anos após a morte de Arafat — a família denunciou um suposto envenenamento que nunca foi confirmado —, o partido nacionalista e o movimento islamita se envolveram em uma disputa eleitoral e uma guerra que acabou com a expulsão do Fatah de Gaza em 2007.

Desde então, a Faixa está sob o controle do Hamas e submetida a um bloqueio econômico e um severo assédio militar israelense, o que empobreceu as condições de vida de seus quase dois milhões de habitantes.

Ambos os grupos chegaram a um acordo de reconciliação em 26 de abril, o que permitiu, quase dois meses depois, a formação de um governo de união nacional transitório cuja missão é elaborar um novo processo eleitoral. Uma missão sem sucesso até então devido à desconfiança mútua e à recusa de Israel, que condenou a união entre os dois grupos.

Mohammed Kamal, proprietário de uma fábrica de produtos têxteis no enclave, afirma que "existe uma grande diferença entre Arafat e Mahmoud Abbas. Arafat foi um homem valente que fez a guerra com Israel, enquanto Abbas é apenas um negociador que procura métodos pacíficos para alcançar seus objetivos", disse. "Se ele estivesse vivo, nossa situação seria certamente diferente. Ele tinha muita experiência para lidar com os israelenses, os americanos e os árabes."

Efe

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O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, acusou ontem Israel de levar a região a uma "guerra religiosa" e criticou o movimento islamita Hamas pelos ataques da semana passada em Gaza contra uma dirigentes do Fatah. Em discurso público em função do décimo aniversário da morte do histórico líder palestino Yasser Arafat (1929—2004), seu sucessor pediu a Israel para acabar com qualquer comportamento provocador.

Lembrando os últimos confrontos em Jerusalém Oriental e na Esplanada das Mesquitas — para os judeus, o Monte do Templo —, Abbas declarou que os palestinos "defenderão Al-Aqsa e as igrejas dos colonos e o extremismo".

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No entender do líder palestino, a violência dos últimos meses se deve às exigências de ultranacionalistas judeus de rezar na esplanada, onde fica o terceiro lugar mais sagrado para o islã. Ele também afirmou que os palestinos pedirão em breve ao Conselho de Segurança da ONU para pôr fim à ocupação no prazo de três anos.

Caso o pedido não seja aprovado, palestinos pedirão a integração em tratados e organizações internacionais, começando pelo "Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional".

Em um plano mais interno, o dirigente palestino criticou o movimento Hamas e o acusou da série de explosões junto a carros e residências de dirigentes do partido, o Fatah, em Gaza. "Os líderes do Hamas são responsáveis por essas explosões criminosas (...). Os comentários do Hamas contra nós são similares aos da ocupação [Israel]", disse Abbas em um ato do qual participaram milhares de palestinos.

A cerimônia foi realizada na Muqata, junto ao mausoléu que abriga os restos mortais de Arafat, que morreu em 2004 em um hospital de Paris, em circunstâncias controversas.

Governo israelense reforça segurança após ataques terroristas

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Agência O Globo

As autoridades israelenses ordenaram o reforço da segurança nas principais cidades do país e na Cisjordânia, depois que outros dois ataques palestinos com vítimas elevaram as tensões na região. De acordo com o site Ynetnews, mais israelenses foram mortos em ataques terroristas em um mês do que em dois anos.

O porta-voz da polícia Micky Rosenfeld anunciou ontem o deslocamento de unidades para as principais cidades, incluindo Tel Aviv e Jerusalém, em resposta às agressões. O Exército, por sua vez, está deslocando centenas de soldados da Brigada Golani que estavam treinando nas Colinas de Golã para a Cisjordânia, devido à deterioração da situação de segurança no local.

Na segunda-feira, um palestino da cidade de Nablus, na Cisjordânia, apunhalou um soldado israelense de 20 anos em Tel Aviv, que acabou morrendo em consequência dos ferimentos. Mais tarde, um agressor palestino esfaqueou três pessoas perto de um assentamento israelense na Cisjordânia, matando uma mulher de 25 anos.

Após os ataques, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convocou uma reunião de segurança em seu gabinete na segunda-feira à noite, em Jerusalém, e ordenou uma série de medidas contra o terrorismo, incluindo o reforço das forças de segurança na Cisjordânia e a demolição de casas de terroristas.

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