O presidente palestino, Mahmoud Abbas, acusou nesta quarta-feira (20) o movimento islamita Hamas de ter tentado assassiná-lo recentemente e disse que os líderes e militantes do grupo são "traidores que se rebelaram contra a legitimidade".

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"Recebi informações procedentes de Gaza, segundo as quais queriam me assassinar. Mas, de qualquer maneira, me desloquei a Gaza. Em seguida, vi um vídeo do Hamas. Nessa gravação, seis pessoas do Hamas falavam de 250kg de explosivos. Três repetiam: 'Esta bomba é para Abu Mazen' (Mahmoud Abbas)", declarou o dirigente ante o Conselho Central da Organização para a Libertação da Palestina (CCOLP), em Ramallah.

Antes, Abbas acusou "elementos externos" de terem fomentado a crise que levou à tomada do controle da Faixa de Gaza por radicais do Hamas. "Tratava-se de um plano premeditado sobre o qual chegaram a um acordo os dirigentes do Hamas em Gaza e no exterior, com elementos estrangeiros na região".

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O presidente palestino também afirmou que não haverá diálogo com os "terroristas, assassinos e golpistas", em referência ao Hamas. Por outro lado, Abbas pediu a realização de uma conferência internacional sobre o conflito palestino-israelense.

Discurso

Abbas fez nesta quarta um discurso muito esperado sobre a crise criada pela tomada de poder pelo Hamas na Faixa de Gaza. "Isto não é uma luta entre o Fatah e o Hamas, mas entre o Estado de Direito e a lei das milícias, entre um projeto de escuridão e outro fundado sobre o diálogo e a democracia", afirmou ele.

"Nosso projeto nacional, um projeto que escrevemos com nosso sangue, está em perigo", acrescentou.

Esse foi o discurso mais agressivo de Abbas desde que assumiu a Presidência da ANP em 2004. Nele, explicitou todos os problemas que o Hamas ocasionou à Autoridade Nacional ao longo dos últimos anos.

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"Sempre quisemos devolver nosso povo exilado a sua terra e criar um Estado independente. Atuamos para que o Estado seja democrático e permita que nosso povo se desenvolva. Levamos adiante nossa luta contra a ocupação sob a bandeira nacional e eles (os membros do Hamas) vieram para apagar todos os nossos símbolos nacionais", afirmou.

Em seguida, citou, de uma lista preparada de antemão, os delitos cometidos pelo Hamas nas últimas duas semanas, entre eles o incêndio de uma igreja, a destruição da residência de Yasser Arafat e a profanação do monumento ao soldado desconhecido, que "era o símbolo do sacrifício dos mártires e da unidade de sangue entre o povo palestino e o povo árabe".

O dramático discurso de Abbas teve como objetivo pedir à OLP seu apoio incondicional ao novo Governo de emergência, dirigido pelo primeiro-ministro Salam Fayyad e criado após a dissolução do Executivo de união nacional que havia sido formado com o movimento islâmico.

Hoje, Abbas também acusou o Hamas de ter preparado o levante que causou a atual crise antes das negociações de Meca, realizadas em fevereiro deste ano. "O Hamas se preparou para assumir o Governo criando uma força de segurança especial", denunciou o também líder do Fatah, ao se referir à chamada Força Auxiliar, constituída pelo Hamas em 2006, como contrapeso à influência do movimento nacionalista.

"Na época", lembrou o presidente, "pedi a dissolução dessa força de segurança, que demonstra as intenções golpistas (do Hamas) contra as instituições legítimas da ANP".

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O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) assegurou que o Fatah "não dialogará" nem "negociará" com representantes do Hamas até que a situação em Gaza seja revertida. "Antes de tudo, terão que pedir perdão a todo o mundo pelo que ocorreu, deixar o poder, reconhecer a autoridade do presidente e devolver o controle da situação em Gaza às forças de segurança", disse.

Além disso, Abbas exigiu que o movimento islâmico entregue todas aquelas pessoas que "mataram" e "saquearam" para que sejam levadas à Justiça. Por fim, afirmou que "o único caminho possível para os palestinos é o da lei e da justiça": "Não há opção para a violência".

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