O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, anunciou ontem a estratégia diplomática que será adotada na ONU na próxima semana e confirmou que, apesar da oposição dos EUA, buscará também no Conselho de Segurança o reconhecimento pleno do Estado palestino.No aguardado discurso em Ramallah, na Cisjordânia, Abbas reconheceu, no entanto, que mesmo que volte da reunião da Assembleia Geral em Nova York, no dia 23, com o pedido aprovado, os problemas palestinos não estarão encerrados e a ocupação de seu território continuará.
"Vamos à ONU pedir nosso direito legítimo, de sermos totalmente reconhecidos como membro da organização, como Estado palestino", disse Abbas durante a coletiva exibida na TV. "O que levarei à ONU é o sofrimento e as preocupações de nosso povo, que vive sob ocupação há 63 anos", acrescentou.
O anúncio de Abbas põe fim a rumores sobre a estratégia palestina, que tenta um reconhecimento como Estado com fronteiras pré-1967. Algumas correntes na Cisjordânia defendiam a busca do apoio apenas na Assembleia Geral, sem passar pelo Conselho de Segurança, o que evitaria o provável veto norte-americano.
O reconhecimento pleno, passando pelo Conselho de Segurança, permitiria aos palestinos votar na ONU e fazer parte, por exemplo, do grupo de países signatários do Tribunal Penal Internacional (TPI). Já o apoio apenas na Assembleia Geral daria um "status" de Estado "não membro observador", como o do Vaticano.
O presidente da ANP também mandou um recado para o Hamas, afirmando que "não há nada melhor do que a unidade nacional entre a Cisjordânia (governada pelo secular Fatah) e Gaza (governada pelo grupo islâmico)".
"Nós faremos tudo que pudermos para manter esta unidade", afirmou Abbas, que também pediu que os palestinos não usem a força. "Qualquer coisa além de iniciativas pacíficas vai nos ameaçar e sabotar nossos esforços."
No discurso, o presidente da ANP procurou manter sua margem de manobra, afirmando que não descarta outras opções. A União Europeia chegou a sugerir que o Estado palestino recebesse status de observador, o mesmo que a Organização para a Libertação da Palestina tem hoje.
Embora tenha confirmado a decisão unilateral de pedir o reconhecimento de um Estado independente, Abbas elogiou as iniciativas de Barack Obama e do chamado Quarteto para o Oriente Médio (formado por Estados Unidos, Rússia, ONU e UE) para a retomada das negociações com Israel.