Tentando conter a desconfiança internacional em relação ao governo do Hamas, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, assumiu na quarta-feira o controle das fronteiras da Faixa de Gaza.
O Hamas, que derrotou a antes hegemônica facção Fatah, de Abbas, nas eleições de janeiro, viu na decisão uma violação dos acordos para a divisão de poder entre os grupos.
Autoridades ligadas a Abbas dizem que ele está sob pressão da União Européia, que ameaçou retirar seus monitores do posto fronteiriço de Rafah, entre Gaza e o Egito, em reação à ascensão do Hamas ao poder.
"A administração de postos fronteiriços e fronteiras ficará diretamente sob a jurisdição do presidente", disse nota do gabinete de Abbas. "É uma administração diferente em termos de finanças, comércio e segurança".
Alegando razões de segurança, Israel também vem fechando repetidamente o entreposto comercial de Karni, essencial para a economia da Faixa de Gaza, de onde Israel saiu em setembro, após 38 anos de ocupação.
Israel continua controlando os principais acessos à Cisjordânia, outro território capturado em 1967 e reivindicado pelos palestinos.
O Hamas disse que o anúncio de Abbas contradiz entendimentos anteriores, pelos quais as fronteiras ficariam em mãos do governo palestino.
- Qualquer tentativa de reduzir a autoridade do governo prejudicará seu desempenho e sua capacidade de cumprir suas tarefas - disse o porta-voz Ghazi Hamad.
O estatuto do Hamas prevê a destruição de Israel. O grupo vem resistindo aos apelos de Abbas e de líderes estrangeiros para se moderar.
Também na quarta-feira, o gabinete do Hamas anunciou a suspensão das indicações ministeriais feitas pelo governo anterior - e por Abbas - até que estas sejam revistas.
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