O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, decidiu tornar ilegal o movimento islâmico Hamas neste domingo (17). O Hamas, em resposta, anunciou que considera ilegítimo o governo de emergência declarado por Abbas, que tomou posse neste domingo.
Fontes da presidência disseram que Abbas ilegalizou tanto o Hamas como sua milícia, as Brigadas de Ezzedin al-Qassam, enquanto se espera nas próximas horas um comunicado oficial a respeito.
Abbas disse neste domingo, em Ramallah, que tanto o Hamas como seu braço armado são considerados "ilegais, devido a suas atividades militares contra a legitimidade palestina e suas instituições".
"Todo aquele que estiver envolvido em algum desses grupos será castigado segundo a lei e a ordem que deriva do estado de emergência", acrescentou.
Um porta-voz do Hamas afirmou que o novo governo de emergência palestino que tomou posse neste domingo é "ilegítimo".
"Esse governo é ilegítimo. A única legitimidade que pode presumir é o reconhecimento do governo americano e da ocupação israelense", declarou Sami Abú Zuhri à agência France Presse.
Governo de emergência
O governo de emergência proposto por Abbas tomou posse neste domingo. O presidente palestino afirmou que o novo governo é para "Cisjordânia e Gaza", e que não haverá dois Executivos palestinos.
"O presidente disse 'este é o único governo nacional palestino, não há outro governo em Gaza'", afirmou Saeb Erekat, chefe de negociação da ANP, em declarações à imprensa.
Segundo Erekat, Abbas disse que a comunidade internacional reconheceu o novo governo e mostrou apoio.
O novo governo de emergência substitui o de união nacional entre os movimentos nacionalista Fatah, o islâmico Hamas e outros partidos menores, que assumiu suas funções em março e que Abbas dissolveu na quinta-feira, após os islamitas tomarem o controle da Faixa de Gaza.
Ismail Haniyeh, do Hamas, disse no fim de semana que não aceitava a decisão, e que o governo de unidade continuaria funcionando.
No entanto, segundo Erekat, "Abbas comunicou a todos os ministros do governo que transfere a eles todos os poderes", e que "são eles que deverão se comunicar com a comunidade internacional".
A maior parte dos doze ministros que integram o novo governo, que tomaram posse neste domingo em cerimônia na sede da Presidência da ANP, em Ramallah, são "tecnocratas e independentes", disse Nabil Amre, assessor de Abbas.
O governo de emergência é liderado por Salam Fayyad, de 55 anos, um economista independente, com reputação internacional devido a seu trabalho no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ao aceitar o cargo, Fayyad se dirigiu aos palestinos de Gaza e disse: "estão em nossos corações e nunca os deixaremos sozinhos".
Fayyad prometeu também que o novo governo "fará tudo o que puder para garantir as necessidades básicas" da população de Gaza.
O primeiro-ministro do governo de emergência, Salam Fayyad, anunciou ainda o bloqueio das contas bancárias do Executivo anterior liderado por Ismail Haniyeh, do Hamas, acrescentaram as fontes.