Egito e Arábia pedem fim das disputas
O Egito e a Arábia Saudita ofereceram-se para mediar as disputas entre as facções rivais, que brigam pelo poder desde que o Hamas derrotou a Fatah nas eleições parlamentares há um ano, pondo fim a quatro décadas de hegemonia política da Fatah.
Ahmed Qureia, funcionário da Fatah e ex-primeiro-ministro, recebeu bem a oferta da Arábia Saudita de patrocinar conversações de trégua. "Consideramos esta iniciativa um convite generoso que deve receber o apoio e a aprovação de todos os setores", disse Qureia à Associated Press.
Até meados da tarde de ontem, uma trégua parecia estar ganhando força na cidade de Gaza, após o pedido das facções. A principal praça do mercado reabriu suas portas e os habitantes saíram às ruas para fazer suas compras. Contudo, ao cair da noite, no povoado de Jan Yunis no Sul de Gaza, um militante do Hamas foi assassinado a tiros por homens que passaram num automóvel. Também um dirigente do Hamas foi seqüestrado por militantes do Fatah, denunciou o Hamas.
Após 72 horas de confronto entre facções dos partidos palestinos rivais Hamas e Fatah, as quais deixaram 24 mortos e cerca de 60 feridos, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), e o primeiro-ministro Ismail Haniyeh vieram a público na madrugada de ontem pedir calma à população. Em resposta, a violência diminuiu um pouco, mas há informações sobre outros oito feridos em novos enfrentamentos. É o quarto dia consecutivo da nova onda de violência em Gaza.
Um dos choques foi registrado junto ao quartel da segurança preventiva, no sul da cidade. Milicianos do Hamas também atacaram a casa de Salim Shej Khalil, guarda-costas do homem forte do Fatah o coronel Mohammed Dahlan e causaram prejuízos materiais.
A crise começou na quinta-feira passada, quando um grupo, aparentemente do Fatah, matou dois membros da força executiva ou auxiliar do Hamas no campo de refugiados de Jebalia. Desde então, os choques incluíram ataques contra a casa do ministro de Relações Exteriores, Mahmoud Zahar, e a de Rashid Abu Shbak, chefe da Segurança Preventiva, leal ao presidente Abbas e ao Fatah.
Os choques refletem as profundas divergências entre o Hamas e o Fatah a respeito do processo de paz com Israel. Também mostram suas diferenças ideológicas: enquanto o Hamas defende um Estado palestino islâmico e teocrático, o Fatah o concebe como democrático e laico.
Como conseqüência da crise, foi suspenso por tempo indeterminado o diálogo entre os dois grupos para a formação de um governo de união nacional entre o Hamas, que está no poder, e o Fatah, na oposição.
Desde que Abbas, líder do Fatah, admitiu em dezembro que tinha fracassado em seus esforços para formar um governo de união com Haniyeh e o Hamas, os embates entre os dois grupos resultaram na morte de pelo menos 57 milicianos e civis.
Um porta-voz do Fatah, Taufik Abu Khusa, afirmou que seu movimento está disposto a retomar o diálogo e acusou os islâmicos, que o abandonaram, de "semear problemas". Por sua parte, o Hamas deu fim às negociações acusando os milicianos do Fatah de "golpistas" e de "perpetrar massacres".
O novo bloqueio das negociações, que já duram mais de seis meses e que têm como um de seus principais objetivos superar o boicote internacional contra o governo do Hamas, pode levar Abbas a antecipar as eleições gerais. O Hamas que rejeita a realização antecipada do pleito celebrou na semana passada o primeiro ano de sua vitória nas eleições de janeiro de 2006 sobre o Fatah, e a nova onda de violência coincidiu com a comemoração.
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