Em entrevista à rádio Europe 1, em Paris, o líder palestino Mahmoud Abbas deixou claro que pode abandonar as negociações de paz caso Israel não volte a suspender as obras nas colônias judaicas, liberadas na segunda-feira após dez meses de interrupção. A decisão final, no entanto, só será divulgada no dia 4 de outubro, após uma reunião com os países da Liga Árabe.
"Pedimos a moratória enquanto existirem negociações porque enquanto há negociação, há esperança", afirmou Abbas um dia após uma reunião com o presidente Nicolas Sarkozy.
Em uma entrevista coletiva ao lado do líder francês, Abbas disse desejar que o premier israelense, Binyamin Netanyahu, prolongue por três ou quatro meses a suspensão da colonização na Cisjordânia.
Tentativa
Ainda ontem, o enviado especial da Casa Branca para o Oriente Médio, George Mitchell, chegou a Israel, numa tentativa de última hora de salvar as negociações diretas de paz entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina (ANP). "Nós queremos que os palestinos fiquem nas negociações diretas e queremos que os israelenses demonstrem que é do interesse dos palestinos que eles permaneçam nestas negociações", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, P.J. Crowley.
"Estamos frustrados? É claro que estamos. Mas entendemos que essas questões são muito difíceis", afirmou Crowley. Ele expressou confiança que a Liga Árabe encoraje Abbas a permanecer nas negociações.
O impasse se agravou após o último domingo, quando venceu a moratória de dez meses que Israel havia decretado nas construções dos assentamentos judaicos na Cisjordânia. O governo israelense não renovou a proibição às novas construções e os colonos retomaram as obras de expansão.
Hoje pela manhã, Mitchell terá uma reunião com o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, político centrista que, com a Cisjordânia sob ocupação militar israelense, tem o poder de vetar e de aprovar projetos nos assentamentos.
Cerca de 300 mil colonos israelenses vivem na Cisjordânia e outros 200 mil em Jerusalém Oriental. Ambos os territórios palestinos foram tomados por Israel na Guerra dos Seis Dias em 1967.
Hoje e amanhã, Mitchell deverá ter reuniões separadas com Netanyahu e com Abbas.
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