O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse à Jordânia que as negociações com o Hamas para a formação de um governo de unidade nacional chegaram a um ''beco sem saída'' e que ele terá de buscar outras opções, disse uma importante autoridade palestina na terça-feira.
Essas "outras opções'' podem incluir a dissolução do governo do Hamas e a nomeação de um novo primeiro-ministro, o que significaria endurecer novamente com o grupo islâmico e possivelmente conturbar o processo político palestino.
A declaração de Abbas ocorre um dia depois de o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, propor a paz com os palestinos e dois dias antes de ele se encontrar com a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, o que indica que tudo seja parte de uma nova iniciativa diplomática.
A dissolução do gabinete do Hamas e a formação de um novo governo poderiam abrir caminho para a suspensão das sanções internacionais impostas ao governo islâmico, que provoca graves danos à economia palestina.
Por outro lado, o afastamento do Hamas ou mesmo a convocação de um referendo sobre a formação de um novo governo deve provocar a ira dos seguidores do grupo, agravando a violência interna.
O Hamas admitiu que as negociações sobre o governo de unidade, que ocorrem de forma intermitente há meses, estão num forte impasse, mas que ainda há esperança de avançar.
Abbas, da antes hegemônica facção Fatah, tenta convencer o Hamas a renunciar à violência e aceitar a existência de Israel. O Hamas, cujo estatuto prevê a destruição de Israel, reluta em aceitar essas condições, essenciais para o fim das sanções.
O presidente palestino recebe na quinta-feira Condoleeza Rice em Jericó (Cisjordânia), em meio à crescente pressão dos EUA por algum progresso entre palestinos e israelenses. Muitos diplomatas acreditam que a resolução da questão palestina resultaria em progressos no resto do Oriente Médio, inclusive o conflito no Iraque e a influência da Síria e do Irã no Líbano.
Abbas já havia elogiado Olmert por seu discurso de segunda-feira, em que manifestou a intenção de retomar o processo de paz e de libertar prisioneiros palestinos em troca de um soldado israelense seqüestrado em Gaza.
Mas Olmert disse que não haverá negociações de paz enquanto não for estabelecido um novo governo para substituir o do Hamas. Há planos de uma reunião entre Abbas e Olmert, ainda sem data.
O primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, do Hamas, embarcou na terça-feira para uma viagem à região, que segundo assessores pode durar mais de um mês. Assim como outros dirigentes do Hamas no exterior, ele tentará angariar fundos para manter o governo funcionando mesmo sem a ajuda ocidental.
Após quase cinco meses de confrontos diários em Gaza, Israel e os palestinos declararam trégua no domingo. Desde então, porém, pelo menos 12 foguetes palestinos foram lançados contra Israel, causando danos e ferimentos leves na cidade de Sderot, próxima à fronteira com a Faixa de Gaza. Israel retirou seus soldados da estreita faixa litorânea palestina.
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