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O presidente palestino, Mahmoud Abbas, vetou nesta sexta-feira uma nomeação de alto escalão na área de segurança do governo liderado pelo Hamas, aumentando ainda mais o racha na nova administração, que luta contra a crescente crise financeira.

Na quinta-feira, o novo governo nomeou Jamal Abu Samhadana, um radical situado entre os primeiros da lista de mais procurados por Israel, para supervisionar o ministério do Interior e estabelecer uma nova força policial de militantes para acabar com o caos e a anarquia.

Um decreto presidencial obtido pela Reuters diz que Abbas vetou ambas as decisões porque elas infringiam leis anteriores.

"Todos os chefes de segurança, autoridades e membros do serviço de segurança receberam ordens de não considerar essas decisões e agir como se elas nunca tivessem sido tomadas", afirma o decreto.

A promoção de Abu Samhadana foi vista como uma tentativa do grupo militante islâmico de fortalecer seu comando no ministério do Interior, que controla várias agências de segurança, especialmente depois que Abbas nomeou recentemente um de seus aliados, Rashid Abu Shback, como diretor-geral.

Foi a mais recente de uma série de divergências entre Abbas e o novo governo, liderado pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh, que rejeitou o pedido do presidente de negociar a paz com Israel, que o Hamas jurou destruir.

Além do controle das forças de segurança de 60 mil homens e de outros poderes governamentais, os dois homens discutiram sobre quem deve controlar as fronteiras na Faixa de Gaza.

O novo governo assumiu em 19 de março, após vencer a facção Fatah, de Abbas, nas eleições parlamentares de janeiro.

Sob a lei básica palestina, que funciona como uma constituição, o presidente tem o poder de vetar nomeações de alto escalão do governo.

Abu Samhadana é líder do Comitê de Resistência Popular (PRC), um guarda-chuva dos grupos militantes que realizam atentados a bomba e com foguetes contra Israel desde o início do levante palestino em 2000. Sua nomeação ajudaria o Hamas a neutralizar Shbak.

Abu Samhadana, 43, disse à Reuters que não abandonará a luta contra Israel, que há muito tempo tenta matá-lo.

- Continuarei apontando o rifle e puxarei o gatilho sempre que necessário para defender meu povo - disse.

Ele ainda está sendo procurado pelo exército, apesar de sua nomeação pelo governo, afirmou um oficial. "Continuaremos a persegui-lo", disse o oficial, que não quis se identificar.

Apesar de ser originalmente do Fatah, Abu Samhadana foi escolhido pelo Hamas e tem ligações estreitas com o movimento.

Abbas soltou o decreto presidencial antes de viajar para os países muçulmanos e europeus em busca de mais ajuda ao povo palestino e apoio às iniciativas de paz com Israel.

A viagem acontece enquanto o novo governo enfrenta uma crise devido ao corte da ajuda estrangeira e da transferência de impostos de Israel. O Hamas diz que o governo não pode pagar salários a 165 mil funcionários e advertiu sobre um possível colapso econômico em poucos meses.

Abbas visitará a Jordânia, a Turquia, a Noruega, a Finlândia e a França.

A União Européia e os Estados Unidos cortaram a ajuda direta à Autoridade Palestina depois que o Hamas recusou-se a reconhecer o direito de existência de Israel, a renunciar a violência ou a aceitar os acordos internos de paz.

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