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Cartaz do atual presidente Hamid Karzai, que deve concorrer sozinho no segundo turno das eleições do Afeganistão | Jerry Lampen / Reuters
Cartaz do atual presidente Hamid Karzai, que deve concorrer sozinho no segundo turno das eleições do Afeganistão| Foto: Jerry Lampen / Reuters

O candidato presidencial afegão Abdullah Abdullah desistiu neste domingo (1º) de participar do segundo turno da eleição presidencial do Afeganistão, depois de acusar o governo de não atender a suas exigências para uma eleição justa, mas disse que não está pedindo um boicote à eleição.

Falando com partidários e líderes tribais numa grande tenda em Cabul, Abdullah não fez qualquer menção a um acordo para a partilha do poder com seu rival, o presidente Hamid Karzai - um indicativo de que negociações anteriores com vistas a um acordo possivelmente tenham fracassado.

Karzai já era visto como favorito para vencer o segundo turno da eleição, marcado para 7 de novembro, depois de conseguir a maioria dos votos no primeiro turno, realizado em 20 de agosto e marcado por fraudes.

"Não vou participar desta eleição", disse Abdullah. "Não foi fácil chegar a esta decisão."

O chefe da comissão eleitoral afegã disse que o segundo turno será realizado, mesmo com Karzai como candidato único.

"Baseado em leis eleitorais e na Constituição haverá um segundo turno. A Constituição é clara", disse à Reuters Daoud Ali Najafi, autoridade-chefe eleitoral da Comissão Eleitoral Independente, nomeada pelo governo.

O Afeganistão vem passando por semanas de incerteza política, na qual a segurança também vem sendo uma preocupação importante, depois de o Taliban ter prometido que vai criar obstáculos para o segundo turno eleitoral.

Com o futuro político do Afeganistão em questão, o presidente Barack Obama também está pesando a decisão de enviar ou não até 40 mil soldados adicionais ao país. Obama se reuniu com seus altos líderes militares na sexta-feira, dentro de um processo de revisão da estratégia para o Afeganistão.

Não foi possível falar imediatamente com um porta-voz da Casa Branca para obter reações à decisão de Abdullah.

Este declarou que desistiu de participar do segundo turno porque as exigências que fez ao governo e à Comissão Eleitoral Independente (CEI), que incluíam o afastamento do ocupante do mais alto cargo eleitoral do país, depois das fraudes que marcaram o primeiro turno, não foram atendidas.

Falando em voz trêmula, Abdullah disse a seus partidários na "loya jirga"--uma grande assembleia tradicional de líderes--que tomou sua decisão "atendendo aos interesses da nação".

Indagado mais tarde por jornalistas se vai exortar seus seguidores a boicotar o pleito, Abdullah disse: "Não fiz esse chamado".

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