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Apicultores estendem projeto para outros países da Europa
A organização de apicultores urbanos Stadt-Imker estendeu nos últimos meses sua ação à Suíça e à Alemanha. A comunicação com os parceiros (na Áustria há mais de 150) se realiza mediante uma plataforma web (www.stadtimker.at), que também tem uma loja online que vende mel. Em outras cidades, como Berlim, Paris, Londres e Melbourne também estão sendo desenvolvidos projetos similares, impulsionados pela necessidade de proteger os insetos, e também pela moda surgida em torno dos alimentos orgânicos.
ONU
Um relatório publicado pelas Nações Unidas em 2011 alertou para o desaparecimento das abelhas na Europa, Estados Unidos, Austrália, Japão, Ásia e Norte da África.
De acordo com o documento, a morte do inseto tem ocorrido devido ao ácaro varroa uma praga que mata as abelhas , pela poluição, pela mudança climática e pela agricultura industrial.
80 apiários estão instalados em Viena, alguns estacionados em enclaves, como os palácios de Schönbrunn e Belvedere, o parque de diversões Prater, o Museu de História Natural, a Catedral e a Ópera. Os cuidados são responsabilidade de 16 apicultores.
100 mil abelhas é população que uma colônia de abelhas pode chegar a ter no verão. A produção de mel fica entre 15 e 20 quilos por colônia.
A Catedral, a Ópera e até uma refinaria de petróleo em Viena se transformaram em um lar mais seguro para as abelhas que as zonas rurais, onde o uso de pesticidas e a decrescente diversidade de flores ameaçam esses insetos.
"Ao contrário do que as pessoas pensam, estudos recentes afirmam que o mel das cidades pode ser ainda melhor do que o do campo, pois as abelhas polinizam as plantas não contaminadas, que não têm pesticidas", diz Félix Munk, presidente da organização dos apicultores urbanos Stadt-Imker. Esta associação trabalha há oito anos para preservar a vida de um inseto cuja população tem caído drasticamente.
"Há dez anos, quando se passava de carro pelo campo, era necessário limpar o para-brisas de tantas abelhas que viviam na região. Atualmente, em 80% da área da Áustria não existem mais abelhas, pois todas morreram", lamenta Munk.
O desaparecimento das abelhas também é um problema comercial. Segundo o apicultor, em Viena existem 200 espécies de abelhas selvagens que devem ser protegidas. Ele explica que o problema principal não é a varroa, parasita que só afeta as abelhas produtoras de mel, mas a agricultura industrial, o uso de pesticidas e a prática de monoculturas.
Alternativa urbana
Por culpa das monoculturas, as abelhas não encontram os diferentes tipos de pólen que precisam para sobreviver. Por isso, os telhados e jardins das grandes cidades são uma boa alternativa para sua sobrevivência.
Em Viena, cada projeto é individual, em cada prédio há condições e um patrocinador diferente. Além da produção de mel, o objetivo dos ecologistas com os apiários é cultivar a sobrevivência das abelhas silvestres, as mais ameaçadas. "Instalar enxames é complicado, as pessoas têm medo e, além disso, são edifícios históricos. Para o apiário do Belvedere discutimos durante quatro anos", relata Munk.
Surpreendentemente, um dos lugares onde mais se produz mel é junto à refinaria de Viena, administrada pela OMV. A empresa é uma das patrocinadoras do projeto do Stadt-Imker, financiado exclusivamente mediante contribuições. "Paradoxalmente, o terreno em volta da refinaria é idôneo para que vivam as abelhas: não há edificações, não está poluído e é muito rico em biodiversidade", enumera o ativista.