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Política

Aberrações expõem fragilidades das democracias sul-americanas

Soldados venezuelanos sentados ao pé de uma pintura do ex-presidente Chávez, que implantou medidas antidemocráticas | Jorge Silva/Reuters
Soldados venezuelanos sentados ao pé de uma pintura do ex-presidente Chávez, que implantou medidas antidemocráticas (Foto: Jorge Silva/Reuters)
Maduro, Cristina e Evo: presidentes sul-americanos que têm reprimido meios de comunicação e prejudicado liberdades civis |

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Maduro, Cristina e Evo: presidentes sul-americanos que têm reprimido meios de comunicação e prejudicado liberdades civis

Durante décadas, a América do Sul foi governada por ditaduras, regimes antidemocráticos e violentos, que impunham suas doutrinas com o uso da força. Esses governos autoritários foram caindo a partir da década de 1980, abrindo espaço para eleições diretas e gestões democráticas. Democracias essas que nos dias atuais revelam algumas aberrações. Em boa parte dos países sul-americanos, governos eleitos pela população têm ido muitas vezes na contramão da democracia, ferindo direitos humanos, tolhendo a liberdade de expressão e de manifestação.

A Venezuela é o exemplo mais recente de democracia questionável. Eleito por uma pequena margem de votos no ano passado, Nicolás Maduro tem dado sequência a algumas atitudes de seu antecessor, Hugo Chávez, que fechou emissoras de televisão e alterou a Constituição para se reeleger ilimitadamente. Em meio a uma onda de manifestações contrárias a seu governo, Maduro bloqueou o acesso a sites e ameaçou expulsar a rede americana de televisão CNN. No final do ano passado, ele já havia conseguido aprovar uma lei que lhe permite governar por decreto, sem necessidade de aval do Congresso.

Medidas antidemocráticas, contudo, não são exclusividade da Venezuela. No Equador, o governo de Rafael Correa aprovou no ano passado a nova Lei da Comunicação, vista por organizações de direitos humanos como uma tentativa de regular o conteúdo midiático e amordaçar os críticos. A exemplo de Chávez, o presidente boliviano Evo Morales alterou a Constituição para buscar um novo mandato. Já Cristina Kirchner, presidente da Argentina, conseguiu desmantelar o grupo de comunicação Clarín, com quem manteve divergências desde o início de seu mandato.

Para Jayme Benvenuto Li­­ma Junior, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal da Inte­­gração Latino-Americana (Unila), tais situações representam um "grande paradoxo".

"São governos eleitos democraticamente, mas que nem sempre agem respeitando os direitos humanos. Esses governantes precisam entender que há uma parte da população que conta com muito pouca inclusão e, naturalmente, está insatisfeita", avalia.

Polêmicas

Nos últimos anos, os governos da América do Sul têm colecionado exemplos de medidas antidemocráticas.

• Venezuela

Na onda de protestos que assola o país, o governo de Nicolás Maduro determinou prisões consideradas arbitrárias, bloqueou o acesso a sites e ameaçou expulsar a rede americana de televisão CNN. Antes, aprovou uma lei que lhe permite governar por decreto e limitou o lucro de empresas.

• Argentina

Após quatro anos de disputa judicial, a presidente Cristina Kirchner conseguiu regulamentar a polêmica Lei de Meios Audiovisuais, que, entre outras medidas, determinou o desmantelamento do grupo de comunicação Clarín, o maior conglomerado do setor no país.

• Bolívia

Em outubro desse ano, o presidente Evo Morales disputa seu terceiro mandato, possível graças à aprovação pelo Congresso de uma norma que lhe permite mais uma reeleição. O boliviano também expulsou empresas e organizações estrangeiras do país.

• Equador

No final do ano passado, o presidente Rafael Correa conseguiu aprovar a nova Lei de Comunicação, criticada por empresas do setor e organizações de direitos humanos. A legislação teria por objetivo principal regular o conteúdo veiculado pela mídia e vetar críticas ao governo.

• Peru

Uma lei publicada recentemente pelo governo do presidente Ollanta Humala isenta policiais e militares de responsabilidade criminal se eles causarem morte ou lesões a terceiros no cumprimento do dever. Isso inclui a atuação das forças de segurança durante manifestações populares.

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