Washington (EFE) Lewis Libby, ex-chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney, declarou-se ontem inocente das acusações que enfrenta no caso do vazamento do nome de uma espiã, no início de um processo que promete ser longo e tortuoso, e sacudir ainda mais o já convulsionado segundo mandato do presidente George W. Bush. "Com respeito, meritíssimo, me declaro inocente", disse Libby ao juiz federal Reggie Walton, depois de este ler as cinco acusações contra o ex-assessor de Cheney por obstrução à Justiça, falso testemunho (mentir ao FBI, polícia federal) e perjúrio (mentir a um júri).
A declaração abriu formalmente o caso contra Libby, que pode causar muitos estragos na Casa Branca. "O incrível deste caso é que a maioria das testemunhas, tanto da defesa como da acusação, será de altos funcionários da Casa Branca", disse Jack King, porta-voz da Associação Nacional de Advogados Defensores, acrescentando que o próprio Cheney pode se ver obrigado a testemunhar. King afirmou que é possível que Libby e as testemunhas só acabem comparecendo ao tribunal em meados de 2006.
Diferentes observadores indicam que o longo processo ameaça minar um governo que tem um raquítico apoio popular. As últimas pesquisas apontam que a popularidade do presidente George W. Bush está em 39%. E isso não é tudo. O promotor Patrick Fitzgerald, que liderou a investigação durante quase dois anos, deixou claro que, apesar de a parte mais importante do inquérito ter passado, nem tudo foi encerrado.
Origem
O escândalo que comoveu a vida política americana começou em julho de 2003, quando apareceu publicado na imprensa o nome de Valerie Plame, até então uma espiã da CIA. Sua ocupação secreta foi divulgada pouco depois de seu marido, o ex-diplomata Joseph Wilson, acusar o governo Bush de manipular a informação de inteligência para justificar a invasão do Iraque. Fitzgerald não conseguiu acusar a ninguém de cometer o crime de vazar o nome da espiã, pois para isso o "delator" teria que ter agido de propósito, o que ainda não foi provado. Mas o caso está aberto. Entre os altos funcionários que continuam sob a lupa de Fitzgerald está Karl Rove, principal assessor político, mão direita e "arquiteto" das vitórias eleitorais de Bush. O Partido Democrata, de oposição, afirmou que Rove deveria renunciar. Joseph Wilson também exigiu a cabeça de Rove, em um pedido surpreendentemente apoiado por alguns parlamentares republicanos, como Trent Lott, ex-líder da maioria republicana no Senado.
Iraque
O "caso Plame" fez ainda com que os motivos alegados pelo Governo Bush para travar a guerra contra o Iraque retornassem ao centro das atenções nos Estados Unidos. Os senadores democratas adotaram na terça-feira a decisão extrema de convocar uma sessão secreta, medida excepcional à que se recorreu poucas vezes, para protestar contra a lenta investigação sobre os motivos do governo para justificar a guerra contra o país árabe, iniciada em março de 2003.
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