Por determinação do Palácio do Planalto, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) deverá monitorar a aproximação que estaria ocorrendo entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o governo do presidente Fernando Lugo, do Paraguai. A preocupação do governo é com a tentativa de cooptação dos sem-terra pelos paraguaios com o objetivo de apoiar mudanças no Tratado de Itaipu, aumentando o valor da energia paga pelo Brasil, além de renegociar a dívida. Essas mudanças estavam entre as principais promessas de campanha de Lugo nas eleições presidenciais do ano passado.
O MST está distribuindo entre acampados e assentados material com informações sobre a polêmica, chamando a atenção de seus militantes para os direitos do país vizinho. "No caso da usina de Itaipu, é uma questão de defesa dos princípio da soberania nacional e popular sobre os recursos naturais", disse nesta quarta-feira (7) um dos principais líderes nacionais da organização, Roberto Baggio. "A Eletrobrás paga uma bagatela para eles (paraguaios) e quem está ganhando mesmo são os grandes grupos econômicos, estrangeiros, que compram barato essa energia para ter lucro.
O governo brasileiro vê como um problema a eventual atuação do presidente paraguaio em sintonia com os sem-terra. Primeiro, porque seria uma interferência indesejada em assuntos internos, considerando que as autoridades brasileiras já disseram que o tratado é inegociável. E segundo, porque ocorreria às vésperas do aniversário de 25 anos do MST, que deverá ser comemorado com manifestações de protesto, ocupações de terra e marchas por todo o País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Garcia desconhece aliança
O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, minimizou o apoio do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ao Paraguai, na disputa que este país trava com o governo brasileiro pela revisão da tarifa da energia gerada por Itaipu. "Vivemos em um país democrático e qualquer partido político ou qualquer movimento social pode defender suas posições à vontade e estas manifestações são legítimas", disse, reiterando que desconhece que o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, esteja incentivando manifestações por parte do MST.
Segundo o assessor, o governo vai discutir, negociar, e tentar encontrar um meio termo, que ajude ao Paraguai, mas rechaça qualquer possibilidade de revisão do Tratado de Itaipu.
Garcia afirmou que as negociações oficiais com o Paraguai "estão sendo realizadas pelos canais institucionais legais". O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Itamaraty já avisaram que não há qualquer possibilidade de revisão do Tratado de Itaipu, nem mesmo da dívida com a construção da hidrelétrica ou no aumento do preço pago pelo Brasil pela energia consumida.
PT quer debater Tratado de Itaipu
Não é só o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que vê com simpatia as propostas do governo paraguaio de reavaliação da dívida da obra da hidrelétrica de Itaipu e dos preços da energia que vende ao Brasil. O assunto tem sido debatido no interior de vários movimentos populares, entidades sindicais e organizações católicas. O interesse é tão grande que até o PT, por meio da sua Secretaria de Movimentos Populares, vai organizar um debate sobre a questão.
A data e o local ainda não foram definidos, mas é provável que ocorra no final de fevereiro, na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, na região da hidrelétrica, com a presença de representantes paraguaios. "Há muito interesse por esse debate", diz o secretário do setor de Movimentos Populares do PT, Renato Simões. "A crise econômica mundial deve tornar mais agudos os problemas do nosso vizinho e nós não podemos ficar alheios a isso.
A lista das entidades que têm debatido Itaipu inclui desde a Central Única dos Trabalhadores (CUT) - a maior do País, ligada ao PT - à Comissão Pastoral da Terra (CPT), vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Assessores dessas duas organizações dizem que elas ainda não definiram que partido vão tomar, mas admitem que estão discutindo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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