Porto Príncipe (Reuters) O presidente eleito do Haiti, René Préval, tem se reunido com seus adversários para formar uma coalizão parlamentar, no início de seus esforços para amenizar o abismo entre a pequena elite rica do país e a grande maioria pobre, responsável por sua vitória. Entre as reuniões mantidas pelo novo presidente nos últimos dias está uma com o candidato presidencial que ficou em quarto lugar, Chavannes Jeune, e um candidato ao Senado pelo partido da Fusão, ambos grandes rivais do mentor de Préval, o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, que foi forçado ao exílio em meio a uma revolta ocorrida há dois anos.
Préval, um agrônomo de 63 anos, foi declarado vencedor das eleições de 7 de fevereiro, após acusações de fraude eleitoral. Especialistas no Haiti e organizações não-governamentais já definiram os principais desafios que ele deve enfrentar, num país em que 80% das pessoas estão desempregadas e a renda média anual é de apenas US$ 400 dólares. A pequena elite rica desconfia dos moradores das enormes favelas, e o país continua mergulhado em um mar de armas de fogo, dominadas por gangues criminosas.
"Eleger-se pode ter sido difícil, mas os desafios agora são avassaladores", afirma Ken Boodhoo, professor da Universidade Internacional da Flórida, que administra missões assistenciais no Haiti. Para Boodhoo, os principais desafios de Préval são a segurança, os empregos e o abismo social. Charles Arthur, do Grupo de Apoio ao Haiti, com sede na Grã-Bretanha, acha que o primeiro grande problema será administrar as enormes expectativas dos partidários que moram nas favelas. O segundo será trabalhar com o Parlamento, cujo resultado nas eleições ainda não foi formalmente anunciado. De acordo com Arthur, a coalizão de Préval, a "Lespwa", "esperança" em crioulo, conquistou 19 cadeiras das 30 do Senado e 58 das 99 da Câmara. Mas, para ele, outros grupos devem dominar o Parlamento e eleger o primeiro-ministro, que pela Constituição haitiana tem mais poder que o presidente.
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