Após semanas de manifestações de grupos de extrema-direita e neonazistas contra a chegada de refugiados estrangeiros à cidade — o que levou à demissão do prefeito local e chamou a atenção da Alemanha para ameaças de extremistas de direita a vários políticos em todo o país — o novo centro que abrigaria um grupo de 40 asilados em Troglitz, na Alemanha, sofreu um incêndio criminoso neste sábado. A futura residência para os refugiados, que seria aberta em maio, perdeu parte do telhado e terá sua inauguração adiada.
Num comunicado, a polícia de Troglitz, uma pequena cidade de 2.700 habitantes, afirmou que o incêndio foi causado por “uma ou mais pessoas”. Um casal alemão que morava no prédio conseguiu escapar graças ao alerta de vizinhos.
No início de março, o prefeito da cidade, Markus Nierth, renunciou ao cargo por se sentir ameaçado pelas manifestações organizadas pelo partido neonazista NPD contra a decisão do governante de acolher cerca de 40 refugiados a partir de maio. Várias marchas de protesto foram realizadas até sua casa. Neste sábado, ele se disse “desconcertado, triste e furioso” com o ataque incendiário. — Muitas pessoas estão horrorizadas porque sabem bem o que isso significa para a cidade. Se foi mesmo um incêndio intencional, será uma vergonha para Troglitz — disse ele, antes de a polícia confirmar que fora um ataque criminoso.
Na terça-feira, um grupo de 500 moradores fez uma assembleia para discutir a chegada dos refugiados. Os conflitos no Norte da África, na Síria e no Iraque aumentaram bastante o número de pedidos de asilo na Alemanha — desde 2014, foram 173 mil, a maior quantidade entre os países industrializados. Segundo as autoridades, o número de crimes de ódio contra refugiados também aumentou em 2014.
Na Inglaterra, a sucursal britânica do movimento alemão Pegida — que diz lutar contra a “islamização” da Europa — realizou neste sábado seu primeiro protesto em Londres. Um grupo de menos de cem manifestantes marchou até a residência oficial do premier, em Downing Street. O Pegida UK disse que a intenção do protesto era “aumentar a conscientização para o efeito negativo que o Islã radical e os frágeis controles de fronteira/imigração em massa estão tendo sobre o nosso país”. O Pegida UK enfrentou uma contramanifestação de militantes antifascistas e os dois grupos trocaram insultos, separados pela polícia.
Por sua vez, o imã britânico Irfan Chishti, do Conselho de Mesquitas de Rochdale — onde uma família foi detida por suspeita de preparar-se para unir-se ao Estado Islâmico — alertou que os tentáculos do grupo “estão se espalhando” e que sua narrativa de violência deve ser contida.