A questão sobre quem ganhou as eleições de quinta-feira (20) no Afeganistão tornou-se quase secundária diante de uma pergunta básica: quem votou nessas eleições. Se em Cabul e mais ao norte do país formaram-se algumas filas pelo menos na abertura das seções eleitorais, em áreas de forte presença do Taleban, como Kandahar - seu "santuário" -, os intervalos entre um eleitor e outro eram de 10 a 20 minutos.

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O pesquisador alemão Felix Kuehn fez um levantamento no dia da eleição e disse que "um índice realista de comparecimento seria de 5%". No interior da província de mesmo nome, e noutros redutos dos insurgentes na zona rural, pode ter sido até mais baixo. A província tem pouco mais de 1 milhão de eleitores registrados - de um total de 15 milhões em todo o país. Kandahar é um caso crítico. Mas em várias regiões do país, incluindo Cabul, o cenário não foi tão diferente assim.

Dados sobre o comparecimento só serão divulgados pela Comissão Eleitoral Independente (CEI) dentro de dois a três dias. Zekria Barakzai, funcionário da CEI, estimou à Associated Press que o comparecimento será de 40% a 50%. Esses números estão bem aquém dos 70% alcançados na primeira eleição presidencial do Afeganistão, em 2004, e bem além da impressão dos observadores independentes. Em Kandahar, o Estado conversou com 14 eleitores, dos quais apenas 3 votaram. É difícil encontrar nas ruas alguém com a tinta indelével colocada no indicador direito de quem votou.

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A tinta permanece por semanas e serve para evitar que os eleitores votem mais de uma vez. Mas nas áreas de maior presença do Taleban, ela funciona como um estigma mortal. Muitos eleitores poderiam até ter comparecido, confiando no forte esquema de segurança montado em torno das seções eleitorais e nas ruas. Em Kandahar, cidade de cerca de 700 mil habitantes, havia 10 bloqueios militares, nos quais os carros eram revistados. Mas a tinta fez muitos eleitores recuar.