Safaga (Agências internacionais) A equipe que atua no resgate de tripulantes de um navio que afundou no Egito, na sexta-feira, disse já não ter esperança de encontrar cerca de 800 pessoas que ainda estão desaparecidas a maioria de trabalhadores egípcios que voltavam da Arábia Saudita.
Até a manhã de ontem haviam sido resgatados 396 sobreviventes e pelo menos 185 corpos das águas do Mar Vermelho ou nas proximidades de onde a embarcação, chamada Al Salam 98, naufragou. "Não esperamos encontrar muitos sobreviventes porque já faz muito tempo que o navio afundou", disse uma fonte próxima das operações de resgate.
Os sobreviventes disseram que um incêndio começou abaixo do convés pouco depois do navio, construído há 35 anos, ter deixado o porto saudita de Duba na noite de quinta-feira, com 1.272 passageiros e tripulação de quase 100 pessoas. O navio começou a inclinar, mas a tripulação continuou a navegar pelo Mar Vermelho em vez de voltar para o porto saudita onde o navio deveria ter aportado no início da sexta-feira.
O sobrevivente egípcio Shahata Ali disse que os passageiros avisaram o capitão sobre o incêndio, mas ele falou para eles não se preocuparem. "Estávamos usando coletes salva-vidas mas eles disseram para nós que não havia nada errado, disseram para tirarmos os coletes e os levaram embora. Então, o barco começou a afundar e o capitão partiu em um bote", acrescentou.
"O capitão foi o primeiro a partir e ficamos surpresos ao ver o navio afundando", afirmou Khaled Hassan, outro sobrevivente. Outras pessoas resgatadas também disseram que a tripulação havia amenizado a gravidade da situação e retido os coletes salva-vidas. "Quando as coisas ficaram muito feias a tripulação foi embora nos bote salva-vidas e nos abandonaram a bordo", disse Nader Galal Abdel Shafi, outro sobrevivente.
Indenização
O presidente egípcio Hosni Mubarak determinou que o governo pague 30.000 libras egípcias (U$ 5.200) em indenizações para as famílias dos mortos e 15.000 libras para cada um dos sobreviventes. Em Safaga, centenas de parentes tristes e furiosos se juntavam em frente aos portões do porto onde o navio deveria ter aportado na sexta-feira. De manhã foi lida lista parcial dos nomes dos sobreviventes para os parentes dos passageiros. Alguns choraram quando não ouviram o nome que esperavam.